Um Homem é Homem por Antonio Godi |
Cultura | |||
Seg, 12 de Abril de 2010 20:09 | |||
No
domingo, 4 de abril a Revista Muito desse jornal teve como capa: O
"Alemão da
Bahia".
Congratulações a todos da equipe pela execução responsável e importante
da pauta. Ressaltando um homem que aportou na Bahia sem se deixar assombrar pelas
ameaças e as chamas tantas da guerra fria. Um homem que aqui chegou e
constituiu família e cultura diversificada. Um alemão que dialogou com a
alteridade a ponto de contribuir decisivamente para a construção da importante
cultura soteropolitana de fins do século XX. Em minha juventude assisti "Um Homem é um Homem" de B. Brecht sob direção de João Neves no Instituto Cultural Brasil-Alemanha administrado pelo alemão Roland Schaffner. No ICBA tive contato tanto com o surgimento do cinema europeu e norte-americano quanto das artes emergentes locais e internacionais. Lá, encontrava amigos e visitava a pequena mas poderosa biblioteca do instituto com um acervo seleto e diferenciado sobre arte, filosofia e cultura. Ali parte de minha geração construiu política, cultura e humanidade militante. Em 1977 o Grupo de Teatro Palmares Ynãron estreiou no ICBA com o espetáculo "Estórias Brasileiras". Colocando na mesa de nossas reflexões uma estética étnica diferenciada onde para além dos colonizadores, índios, negros e sertanejos viram protagonistas. Inusitadamente, também o ICBA passaria a ser uma referência determinante para a instituição do Dia da Consciência Negra. Foi lá que realizamos a Segunda Executiva Nacional do MNU. O evento deveria ser realizado na Associação dos Funcionários Públicos em meados de 1979. Entretanto fomos perseguidos e proibidos pela ditadura militar. Que ocupou a AFP e nos obrigou a sair de mãos dadas da Avenida Carlos Gomes na direção de uma ilha segura, o ICBA. Lá, votamos definitivamente a proposta de criação do "Dia da consciência Negra". Sugestão da inesquecível socióloga Lélia Gonzáles proposta na Primeira Executiva Nacional do MNU no IPCN no Rio de Janeiro. Um homem é um homem para além de sua cor e origem. Obrigado, Schaffner! Hoje, diante da inoperância e vacância da Fundação Cultural Gregório de Mattos. Com breves saudades das ações positivas e relevantes do ex-gestor Paulo Lima. Fico a sonhar que "um alemão da Bahia" poderia vir a gestar a cultura soteropolitana.
|
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |