A Lógica do Assexuado por Manu Ela Barreto |
Comportamento | |||
Ter, 31 de Outubro de 2006 08:30 | |||
Há uma espécie humana rara e insípida: o
assexuado. Um ser indefinivelmente definível.
Inofensivo. Necessário ao controle da taxa de natalidade e na contenção
da superpopulação no planeta. Mas não se engane. Atente para o avesso do avesso
da camuflagem:
O assexuado banal
Desprendido de sexo, quanto de todos, é visto sem ver, quisto sem querer. Não mente para si, tampouco para o outro. Não pratica sexo em nenhuma instância, nem mesmo sozinho, o que lhe confere certa coerência. O seu mal é apenas existir, visto que o tesão não escolhe o alvo, em outra perspectiva, o tesão escolhe seu alvo. O assexuado altruísta Parece necessitar do outro por ser atencioso, gentil e dedicado. É ofensivo e tumultuoso porque vê e não quer ser visto, atiça o desejo e o desconhece. É alvo provocado e provocativo. O assexuado tosco Pratica o sexo consigo mesmo, o que lhe confere uma aura sexual. Conhece o desejo obsoleto. É o martírio de quem o deseja, mas inofensivo na resposta. Vê e é visto. Sem querer, é quisto. Sua virtude é vivificar o desejo, seu erro é extingui-lo. O assexuado paradoxal Pode ser também denominado de “assexuado corrupto”. Tem desejos sexuais e amorosos. Ínsita o outro e não o satisfaz. Teoriza e não pratica. É real quando virtual e virtual quando real. Necessita de vínculos e os nega, deturpa e destrói. O seu mal é consumir o outro. É quisto, depois repudiado. Subserviente da desculpa. Sua virtude é a ironia: ser o próprio alvo. O assexuado mortal É amado e atraído. Ama e atrái na mesma intensidade em que nega o desejo. A lógica do assexuado é ser sempre assexuado, do banal ao mortal, todos um ser...
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