Salvador, 18 de April de 2024
Acesse aqui:                
Banner
facebookorkuttwitteremail
Mesmo morta, seguem atirando sobre o seu corpo. Por Gregorio Duvidier
Ajustar fonte Aumentar Smaller Font
Cidadania
Seg, 19 de Março de 2018 09:26

Gregorio_DuvidierEstão tentando politizar a morte de Marielle, diz o deputado, a desembargadora e os abutres de plantão. Marielle morreu como morrem todos e todas, dirão. Podia ser meu filho, podia ser o seu. Estão fazendo palanque em cima de um caixão.

A violência assola o país inteiro e nos iguala a todos, disseram, e é por isso, pra evitar a morte de mais Marielles, que precisamos de mais intervenção, chegaram a dizer.
Procuraram fotos dela com bandidos, porque afinal quem anda com bandido merece morrer. Não acharam nenhuma foto dela com bandidos, mas encontraram uma foto de uma mulher negra no colo de um homem, e disseram que era Marielle no colo de Marcinho VP.

E a classe média, indignada com aquela morte absurda, até então sem explicação, respirou aliviada: ah, ela era mulher do Marcinho VP, ufa, tá explicado. A mulher da foto sequer se parece com ela, assim como o homem sequer se parece o Marcinho VP. Mas a mulher é negra, se não é ela, é sua prima. Muita gente aceitou.

A postagem do MBL tem mais de 30 mil compartilhamentos em um dia --e não para de crescer. Multiplicam-se áudios vazados no WhatsApp --alguns supostamente da própria Marielle. "Isso é coisa do Comando Vermelho", diz um suposto expert, explicando-se em seguida: "os bandidos usavam chinelo". Elementar, meu caro WhatsApp.

Estão tentando despolitizar a morte de Marielle. Não bastasse matá-la, agora tentam diluí-la. Despolitizar Marielle equivale a matá-la outra vez, e de uma maneira igualmente cruel. Todos aqueles que responsabilizam, mesmo que indiretamente, Marielle pela sua execução têm as mãos sujas de sangue.

Toda execução de um político é um ato político: junto com o representante, querem matar tudo aquilo que ele representa. Marielle passou a vida lutando contra o feminicídio, a guerra às drogas, a desigualdade, e sobretudo o genocídio da população preta e pobre. Não tratar a morte de Marielle como parte desse genocídio é desrespeitá-la.

Pedir mais intervenção militar usando seu nome é ultrajá-la. Sua morte não antecede a intervenção. Sua morte é consequência da intervenção, logo não pode ser sua causa. Não podemos deixar Marielle morrer duas vezes.

Mataram pra silenciar seu grito. Não funcionou. Sua voz ganhou o país inteiro. Foram buscar munição pesada. Não sossegam. Mesmo morta, continuam atirando sobre o seu corpo.

Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo

Compartilhe:

 

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar

FOTOS DOS ÚLTIMOS EVENTOS

  • mariofoto1_MSF20240207-177Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 2. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240207-019Lavagem Funceb. 08.02.24. Alb 1. Foto: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-047Fuzuê Alb 1. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-115Fuzuê Alb 2. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-223Fuzuê Alb 3. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240203-351Fuzuê Alb 4. 03.02.2024. Fotos: Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-0824Beleza Negra do ilê. Alb 1. 13.01.24 By Mario Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1221Beleza Negra do ilê. Alb 2. 13.01.24. By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1349Beleza Negra do Ilê. Alb 3. 13.01.24 By Mário Sérgio
  • mariofoto1_MSF20240112-1485Beleza Negra do Ilê. Alb 4. 13.01.24 By Mário Sérgio

Parabéns Aniversariantes do Dia

loader
publicidade

ENSAIOS FOTOGRÁFICOS

GALERIAS DE ARTE

HUMOR

Mais charges...

ENQUETE 1

Qual é o melhor dia para sair a noite?