Busca incerta, Por Tereza Cruvinel |
Cidadania | |||
Qua, 06 de Junho de 2018 04:21 | |||
Prossegue a busca incerta do chamado “centro” por uma convergência entre seus vários candidatos, embora sem apontar um deles como estuário natural, pois todos continuam mal posicionados nas pesquisas. Hoje à tarde, na Câmara, será lançado o manifesto “Por um polo democrático e reformista”, articulado pelo secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o senador Cristóvam Buarque. No domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu artigo mensal, defendeu a unidade das forças progressistas que se comprometam com "finanças públicas saudáveis e políticas adequadas, taxas razoáveis de crescimento que gerem emprego, confiança e decência na vida pública". Mas quem seria o fulano? O próprio Fernando Henrique diz que está na hora de “fulanizar” a discussão, embora não o faça. O manifesto que será lançado hoje também fica na pregação de unidade. Nem em seu texto, nem no artigo de FHC, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o melhor posicionado nas pesquisas entre a meia dúzia de candidatos da centro-direita, é apontado como possível vértice da convergência. Mas há uma sutil diferença entre os dois textos. FHC toma a greve dos caminhoneiros como sintoma da insatisfação com “tudo que está aí”. Adverte que a aparente normalidade é enganosa e que o atual governo só conseguirá colocar esparadrapos numa crise que, a seu ver, exige a “união entre os setores progressistas (que entendam o mundo e a sociedade contemporâneos), que tenham uma inclinação popular (que saibam que, além do emprego, é preciso reduzir as desigualdades)...” Esclarece que não se trata de fortalecer o “centrão”, a que se refere depreciativamente, e faz referência vagas ao PT. Mas aponta claramente o risco maior a ser evitado: “o do populismo, principalmente quando já vem abertamente revestido de um formato autoritário. ” É Bolsonaro. Já o manifesto que será lançado hoje é excludente à esquerda e à direita, quando prega a unidade de “todos aqueles que pensam o Brasil fora do paradigma autoritário, populista, atrasado e bolivariano”. E apresenta 17 pontos para um programa comum. Seja como for, faltou fulanizar: unidade em torno de quem? Impossível fazer isso quando na direita todos vão mal nas pesquisas. Artigo publicado originalmente em http://www.jb.com.br/coisas-da-politica-2/noticias/2018/06/05/busca-incerta/
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