Chuchu e chibata. Por Gustavo Conde |
Cidadania | |||
Dom, 05 de Agosto de 2018 07:29 | |||
Não bastasse o improviso, o desespero, o oportunismo, a hipocrisia e a dose cavalar de golpismo, a candidatura Alckmin segue a sua saga rumo ao mais impressionante amontoado de elementos pitorescos da história de uma eleição.
É um assombro. Um candidato que tem graves problemas de articulação de sentido da fala já é, por si só, uma atração especial para qualquer pleito. É exótico. Alckmin não fala, ele boceja. Alckmin não enuncia, ele replica clichês da política brasileira dos anos 70. Alckmin não faz proposições, ele junta fragmentos de lugares-comuns do economês e tentar construir períodos gramaticais no limite da inteligibilidade. O apelido de Chuchu é um imenso desrespeito aos chuchus, hortaliças-frutos tão importantes para a dieta falimentar do brasileiro. Mas pegou. Pegou e pegou forte. Os chuchus nunca mais serão os mesmos depois de Geraldo Alckmin. O acordo com o centrão, a correria para se produzir um programa de governo nas coxas (e sem consultar o centrão), tão à maneira de ser do PSDB, esse partido que cada vez mais parece filme de terror policial (com a delinquência política associada à blindagem dos viaturas de polícia), torna a candidatura Alckmin um espetáculo de horror, digno dos circos das aberrações. O eleitor, por mais cansado e destituído de tempo para avaliar candidaturas com a devida atenção, manifesta sua repulsa a tudo isso, oferecendo seus 4% de intenção de voto a essa facção política que representa oficialmente o golpe e a devastação econômico-social do país. Não bastasse essa precariedade política em grau avançado, a candidatura do Chuchu resolveu se superar e convidar uma candidata a vice que melhor representa o fascismo brasileiro contemporâneo, depois de Bolsonaro. Ana Amélia, com seu talento descomunal para produzir pérolas da linguagem (pobre linguagem) resolveu somar seu ‘anti-lastro’ de conhecimento à nulidade verbal do mais fracassado candidato à presidência que os tucanos já tiveram a infelicidade de experimentar. A chapa "Chuchu e Chibata" veio para marcar toda uma geração de eleitores brasileiros. Jamais se viu chapa tão pedagógica em termos de convergência do horror político e comportamental. De um lado, um privatista vazio e destituído de carisma. De outro, uma matriarca autoritária, pronta a estalar o relho no primeiro trabalhador que reclamar. É o relho e a morfina, o chicote e a xilocaína, a palmatória e a ‘aguinha com açúcar’, o coice e a omissão, a dor e a anestesia, o fascismo e o golpismo. Nunca antes na história deste país se viu um par tão merecedor das saudações recíprocas: o Chuchu e a Chibata. Fica a nossa torcida para que eles prestem o serviço de expor o exemplo negativo à toda sociedade brasileira. É a anti-chapa mais quente da nossa combalida cultura político-eleitoral. Merece nossos aplausos contidos de comiseração. Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/pt/colunistas/gustavoconde/364127/Chuchu-e-chibata.htm
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Última atualização em Ter, 07 de Agosto de 2018 01:07 |
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