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A visita do secretário de Defesa dos EUA ao Brasil, por Janio de Freitas
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Cidadania
Seg, 13 de Agosto de 2018 05:27
Janio_de_FreitasO secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, embarca neste domingo (12) para a sua primeira viagem à América do Sul com a proposta de restabelecer um acordo de cooperação de defesa na região. O primeiro destino é o Brasil.
A Casa Branca não detalhou os objetivos dos encontros que serão realizados em Brasília, mas o Itamaraty divulgou na sexta que está marcado um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira. Mattis deve se encontrar também com os ministros da Segurança, Raul Jungmann e da Defesa, general Joaquim Silva e Luna. O secretário norte-americano seguirá depois para Argentina, Chile e Colômbia. 
 
Na sua coluna deste domingo (12), na Folha de S. Paulo, Janio de Freitas elenca uma série de motivações bem plausíveis para a vinda de Mattis ao Brasil, destacando que os americanos têm forte interesse em controlar a base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão, sendo que as conversas a respeito dessa questão estariam bem adiantadas entre os dois governos. 
 
Outro interesse é a derrubada de restrições, pela Petrobras, à venda de parte de suas áreas no pré-sal para companhias norte-americanas. O ponto alto do encontro, porém, será a cessão da Embraer à Boeing, empresa sob influência da Secretaria de Defesa dos Estados Unidos. 
 
Janio pontua que o general Mattis é responsável pelo empenho daquele país em estabelecer acordos de "cooperação militar" na região. O que existia entre Brasil e Estados Unidos vigorou entre 1952 até 1977, quando extinto por Ernesto Geisel, após represália do então governo Jimmy Carter contra atos de violência da ditadura brasileira.
 
"Em parte, Geisel aproveitava a ocasião para encerrar uma presença de militares americanos que começava a ser perigosa para o regime”', acrescentando que a presença de militares norte-americanos  em repartições do exército brasileiro não se limitava no auxílio de questões técnicas, eles também "colaboraram para reverter o nacionalismo difundido entre os militares a partir da 'batalha do petróleo', nos primeiros anos 1950, com a decorrente criação da Petrobras" e, também antes da ditadura militar brasileira, na doutrinação de movimentos contra o desenvolvimentismo de Getúlio Vargas.
A seguir o artigo de Janio de Freitas
Como Outrora

A regressão se dá em mais vias do que vemos na política e em outras paisagens do dia a dia brasileiro. Uma das vias não observadas tem hoje um dia marcante, com a chegada do secretário de Defesa dos Estados Unidos ao Brasil, sua parada inicial na América do Sul. O general James Mattis vem acelerar o empenho americano de restabelecer os acordos "de cooperação militar" com países da região.

O Acordo Militar Brasil-Estados Unidos foi extinto pelo governo Geisel, em represália a atitudes do governo Jimmy Carter contra as práticas de violência da ditadura. Em parte, Geisel aproveitava a ocasião para encerrar uma presença de militares americanos que começava a ser perigosa para o regime. Os militares da "missão militar americana" estavam nas principais unidades do Exército, para uma assistência que nunca se limitou a questões técnicas.

Os assistentes do acordo tiveram papel importante, de fato, como doutrinadores políticos. Desde seus primeiros anos nos quartéis brasileiros, colaboraram para reverter o nacionalismo difundido entre os militares a partir da "batalha do petróleo", nos primeiros anos 1950, com a decorrente criação da Petrobras.

Na mesma trilha, sua encoberta doutrinação contribuiu para a formação, nas casernas, do movimento contra Getúlio e seu desenvolvimentismo. A abundância atual de documentos oficiais americanos reduz ao ridículo os que negavam a ação de americanos no preparo e na execução do golpe de 1964.

Por diferentes motivos, os acordos "de cooperação" se extinguiram na América Latina, passada a série de golpes. A degradação e depois o fim da União Soviética relaxaram a vigilância ativa dos Estados Unidos na região. Até verem, já atrasados, que a China se reinventou mais uma vez.

Com Lula, o governo Obama tanto propôs a reassociação como a encerrou em um curto-circuito inexplicado. Com Dilma, vigente ainda o mal-estar, o governo Obama foi desmascarado em escutas clandestinas das comunicações da presidente, espionagem cuja motivação também não foi esclarecida. Com Temer, as portas se abriram.

Os americanos querem o controle da base de lançamento de foguetes em Alcântara, Maranhão. As conversas a respeito, entre os dois governos, estão adiantadas. O mesmo a respeito de maior oferta do pré-sal a empresas privadas. Além disso, o governo Temer estuda a derrubada das restrições à venda, pela Petrobras, de parte das suas áreas no pré-sal.

cessão da Embraer à entrada dominante da Boeing, empresa sob influência da Secretaria da Defesa, é outro item da reaproximação em andamento. E, com a vinda do general Mattis, iniciam-se os entendimentos para um plano de segurança regional, aproveitando a oportunidade implícita nos atuais governantes de Brasil, Argentina, Colômbia e Chile, países a receberem o secretário.

O Equador de Lenín Moreno, eleito pela esquerda e presidente de direita, já fez com o governo Trump o acordo formulado pelo Pentágono, para reativar a "cooperação militar" prevista no plano de segurança.

Contra que ameaças aos países procurados, isso os militares sul-americanos vão aprender nos cursos em bases americanas, como outrora era feito na "Escola das Américas" no Panamá, e na "assistência técnica" em seus próprios quartéis, também como outrora.

Janio de Freitas

Jornalista e membro do Conselho Editorial da Folha.

Artigo punlicado originalmente em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2018/08/como-outrora.shtml?loggedpaywall?loggedpaywall

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