Com a palavra nossa Ministra Dra. Nilma Lino Gomes |
Cidadania | |||
Qui, 30 de Abril de 2020 15:35 | |||
Como dizia Martin Luther King: o que me assusta não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.
Patriarcado, branquitude e racismo são estruturais e estruturantes. Na política, estão arraigados na direita e na esquerda. Mas sigo lutando dentro da esquerda, porque é ela que tem que se rever e as suas lideranças têm a obrigação de se repensar. Se há um projeto emancipatório de democracia no campo da esquerda ele tem que incluir a raça. Como sabiamente disse Vilma Reis: não vamos lutar contra as mulheres negras. A nossa luta é contra o patriarcado. Não perco o meu tempo de querer pautar essa discussão com a direita. O que a direita quer é a morte de todos os oprimidos ou no mínimo que restem alguns para que ela e o capital continuem explorando. A minha cobrança vai para a esquerda e todos os grupos progressistas. Não se pode anunciar um projeto de Brasil democrático desprezando a raça ou jogando com ela de forma inescrupulosa como vimos na situação da escolha da pre- candidata à prefeitura do PT de Salvador. Se o movimento "Agora é ela" não era avaliado como a melhor escolha nesse momento político pelas lideranças locais e nacionais (todas brancas e majoritariamente masculinas) porque não se explicitaram os reais motivos por meio de um diálogo aberto? Por que não se buscou juntos uma solução? Ao invés disso, a escolha de outra mulher negra, que vem de fora do partido, filiada às pressas, e ligada às forças militares é uma forma de jogar com a raça e a tentativa de encurralar e despolitizar a luta antirracista dentro do partido. É uma forma inescrupulosa de tentar jogar as mulheres negras umas contra as outras. Mas, o efeito foi o contrário. Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir compreendeu como branquitude, racismo, patriarcado e poder funcionam no campo da esquerda. Mesmo diante de tudo isso, não acho que a nossa posição deva ser desprezo aos partidos de esquerda porque "todos são racistas". Essa fala destitui colegas e militantes sérios/as que, pela sua atuação no interior dos partidos de esquerda, tensionaram e tensionam a discussão da raça e já conquistaram mudanças juntamente com o movimento negro. Como exemplo, temos a criação da SEPPIR e as políticas de igualdade racial já realizadas em nosso país. A necessária e real reforma política está ainda mais longe no plano institucional. Sofremos a ameaça do governo de extrema direita conduzir essa reforma com o objetivo de legitimar privilégios e acabar com a representação política da esquerda. Por isso, até mesmo as nossas lutas e disputas internas, nesse momento, precisam ser prudentes. Mas falta à esquerda aprender e instituir o antirracismo e antipatriarcado como parte dessa prudência. Por isso, a luta de Vilma Reis e Fábia Reis e de todas as mulheres no campo da política progressista é muito importante. Estamos em tempos antidemocráticos. Vivemos ainda o momento em que as mudanças na esfera institucional da política passam pela existência dos partidos e pela representação política. Admiro ainda mais a coragem de Vilma Reis, Fábia Reis e das mulheres negras. Pode até não ser visível agora, mas a nossa luta dentro do partido, orientada por um aprendizado e atuação, que vêm de fora, dos movimentos sociais, fazem as máscaras brancas caírem. E como conheço a força das mulheres negras, sei que Vilma Reis e Fábia Reis continuarão lutando e abalando as estruturas. A partir de agora elas precisarão ainda mais do nosso apoio. https://www.facebook.com/342521443161870/posts/717716222309055/
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