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Dilma Rousseff é uma gestora de pulso firme por Soledad Gallego-Díaz
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Meio Ambiente & Sustentabilidade
Qua, 29 de Dezembro de 2010 23:58
lulla__dilma.jpgLula esteve acompanhado da presidente eleita, Dilma Rousseff, durante última visita a catadores de material reciclável como presidente da República, em São Paulo, na última quinta-feira (23) É difícil pensar em duas personalidades mais distintas que a nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é o presidente mais popular da história do Brasil, operário metalúrgico convertido em sindicalista e político, que deixa o cargo após oito anos no poder, com um incrível índice de popularidade de 80%. Ela, uma mulher fundamentalmente séria, de personalidade forte, quase áspera, pouco dada ao corpo-a-corpo ou aos encontros cheios de encanto e fascinação tão caros ao homem ao qual sucederá no próximo 1º de janeiro. No entanto, foi essa mulher, completamente diferente, a escolhida por Lula e pelos brasileiros para dirigir, no mínimo pelos próximos quatro anos, um Brasil em plena expansão e crescimento, um país pouco menor que a China ou os Estados Unidos em tamanho e que tem a quinta maior população do mundo. Se tiver êxito, será ela, Dilma, filha de um imigrante búlgaro chamado Rusév, ex-militante de uma organização guerrilheira, jovem estudante de Economia presa e torturada durante os anos de chumbo da ditadura militar, quem conduzirá a consolidação de uma autêntica e nova potência mundial, tanto do ponto de vista econômico quanto do político.

"Substituir Lula não será fácil, mas fazê-lo neste momento é provavelmente uma das tarefas políticas mais empolgantes que podem existir no mundo", escreveu alguns dias atrás um analista britânico. Rousseff será a segunda mulher (depois de Indira Gandhi, que governou a Índia, um país com mais de 1 bilhão de habitantes) a dirigir uma das maiores democracias do mundo. A nova presidente do Brasil nunca havia se candidatado a nenhuma eleição até que Lula a impôs como candidata presidencial do Partido dos Trabalhadores (ao qual se havia filiado há poucos anos) e se obstinou a conseguir que triunfasse com 56% dos votos, frente ao muito mais experiente José Serra, líder da oposição socialdemocrata.

Dilma tem pela frente um dos anos mais difíceis em muitas décadas para o conjunto do mundo e um dos mais excitantes e promissores para a história de seu próprio país. Mover-se nessa contradição exigirá dela uma inteligência e uma responsabilidade muito especiais. Em meio à instabilidade geral, o Brasil pode aproveitar a nova década para aumentar seu papel como uma das grandes potências emergentes. Tem quase tudo que necessita para isso, inclusive enormes jazidas de petróleo (o chamado pré-sal, descoberto recentemente), e uma fabulosa capacidade agrícola, com os quais pode financiar sua definitiva decolagem industrial; além disso, tem um estado de ânimo otimista e uma população certa de ter ao alcance a possibilidade de melhorar sua vida e a de seus filhos. O que aconteceu em outros países demonstra que tudo isso não basta: é preciso ter também um governo que acerte e políticos hábeis, comprometidos com objetivos claros.

Equipe feminina

Rousseff sempre se declarou feminista. A campanha e os duros ataques da oposição por seu pretenso apoio ao direito das mulheres de abortar levaram-na a adotar posições ambíguas. Mesmo assim, em seu primeiro discurso afirmou que sentia um compromisso especial com as mulheres de seu país e com o reconhecimento de seus direitos, sem maiores detalhamentos. Em seu primeiro governo figurarão várias mulheres, entre elas a economista Tereza Campello, a socióloga Luiza Helena de Bairros, a jornalista Helena Chagas e a cantora e compositora Ana de Hollanda, irmã de Chico Buarque, além de políticas como Miriam Belchior, Izabella Teixeira e a senadora Ideli Salvati.


Rousseff, 63, parece reunir essas condições, mas também precisará de habilidades muito especiais porque o Brasil é um país muito complicado politicamente, no qual o presidente tem obrigação de fazer extenuantes alianças e acordos continuamente. Lula, seu mentor, quase sempre conseguiu, apoiado em uma popularidade imbatível e em uma formidável capacidade pessoal de diálogo e enredo político. Esse será o grande desafio de sua sucessora, que tem muita experiência como gestora e negociadora no âmbito econômico, mas muito pouca no campo da política direta. Ademais, Lula sempre foi capaz de manter-se acima das acusações de corrupção e nepotismo que perseguiram muitos membros de sua administração (chegaram a apelida-lo de "Teflon", pois nada aderia a ele), enquanto Dilma demonstrou ser muito mais vulnerável a essas recriminações. De fato, durante a campanha eleitoral sofreu o impacto das acusações de corrupção lançadas contra seu braço direito, Erenice Guerra, que teve de pedir demissão para esfriar o escândalo.

Desde que foi eleita, em segundo turno, no dia 31 de outubro, Rousseff se dedicou a organizar o gabinete com o qual dará início à sua presidência. Todos os olhos estavam voltados para a equipe econômica, que foi fechada nesta mesma semana. A maioria dos analistas brasileiros considera que as nomeações-chave garantem a continuidade da linha seguida tanto por Lula quanto por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, mas que a mão de Dilma não tremeu na hora de se assegurar que será ela, a presidente, que sempre controlará a situação. "Até agora existiu um comandante no Ministério da Fazenda e outro no Banco Central. Agora deverá haver somente um chefe: Dilma", explicou o economista Roberto Troster, imediatamente após serem divulgadas as nomeações.

Lula a conheceu em 2002, quando ela era uma economista de 54 anos, especializada em assuntos de energia. "Levava sempre a tiracolo um computador onde pareciam estar todos os dados, todos os projetos e todas as perguntas", explicou anos depois a uma revista brasileira. Nesse mesmo ano a chamou para assumir a pasta de Energia, e desde então ela nunca mais deixou de estar a seu lado, como chefe de sua Casa Civil ou diretamente como sua herdeira. Gilberto Carvalho, um peculiar e poderoso personagem da política brasileira, contou que ela era a pessoa com a qual Lula mais havia falado ao longo desses anos, todos os dias, várias vezes ao dia, inclusive nas férias. "Quando a escolheu como sucessora, ele sabia o que estava fazendo e o que Dilma pensava", garantiu.

Em seu primeiro discurso, na mesma noite de sua vitória eleitoral, Dilma Rousseff já indicou algumas de suas ideias para impulsionar uma nova etapa de desenvolvimento no Brasil. "Não podemos contar com o empurrão das nações mais desenvolvidas, que estão atravessando uma enorme crise. Só podemos contar com nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossas próprias decisões". A nova presidente é uma administradora séria, mas deixou claro desde o primeiro momento que seu trabalho não consistirá somente nisso. "Nosso grande objetivo é eliminar a pobreza e elevar o nível de educação dos brasileiros e brasileiras", prometeu, embora não tenha dado um prazo para esse compromisso de tirar da miséria os 21 milhões de brasileiros que ainda estão abaixo dos níveis mínimos de renda. "Não aceitarei que os ajustes afetem os programas sociais, os serviços essenciais ou os investimentos necessários", afirmou. "Ninguém nunca colocou em dúvida sua paixão social, sua determinada vontade de cumprir, através de métodos escrupulosamente democráticos, objetivos de sua juventude", assegurava na campanha eleitoral uma de suas assistentes pessoais.

Tradução: Lana Lim

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Última atualização em Qui, 30 de Dezembro de 2010 00:02
 

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