Pistas práticas para cuidar da Terra (II) Por Leonardo Boff |
Meio Ambiente & Sustentabilidade | |||
Seg, 08 de Setembro de 2008 05:53 | |||
No artigo anterior referimos pistas práticas que tinham a ver com a mudança da
mente ou do olhar. Agora importa considerar as mudanças das práticas da vida
cotidiana:
Procure em tudo o caminho do diálogo e da
flexibilidade porque é ele que garante o ganha-ganha e é uma forma de diminuir
os conflitos e até poder resolvê-los. Valorize tudo o que vem da experiência, dando especial atenção aos que não são ouvidos pela sociedade. Tenha sempre em mente que o ser humano é um ser contraditório, sapiente e ao mesmo tempo demente; por isso seja critico e simultaneamente compreensivo. Tome a sério o fato de que as virtualidades cerebrais e espirituais do ser humano constituem um campo quase inexplorado. Por isso sempre esteja aberto à irrupção do improvável, do inconcebível e do surgimento de emergências. Por mais problemas que surjam, a democracia sem fim é sempre a melhor forma de convivência e de superação de conflitos, democracia a ser vivida na família, a comunidade, nas relações sociais e na organização do estado. Não queime lixo e outro rejeitos, pois eles fazem aumentar o aquecimento global. Eles podem ser reciclados. Avise às pessoas adultas ou às autoridades quando souber de desmatamentos, incêncios florestais, comércio de bromélias, plantas exóticas e de animais silvestres. Ajude a manter um belo visual de sua casa, da escola ou do local de trabalho, pois a beleza é parte da ecologia integral. Anime a grupos para que no bairro se crie um veículo de comunicação, uma folha ou um pequeno jornal, para debater questões ambientais e sociais e acolher sugestões criativas. Fale com frequência em casa, com os amigos, com os moradores de seu prédio e na rua sobre temas ambientais e de nossa responsabilidade pelo bem viver humano e terrestre. Reduzir, reutilizar, reciclar, rearborizar, rejeitar (a propaganda espalhafatosa), respeitar e se responsabilizar. Estes 7 erres (r) nos ajudam a sermos responsáveis face à escassez de bens naturais e são formas de sequestar dióxido de carbono e outros gáses poluentes da atmosfera. O Pe. Cícero Romão Batista, um dos ícones religiosos do povo do Nordeste do Brasil, elaborou, no início do século XX, dez preceitos de conteúdo ecológico: "Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau. -Não toque fogo no roçado nem na caatinga. -Não cace mais e deixe os bichos viverem. -Não crie o boi nem o bode soltos: faça cercados e deixe o pasto descansar para que possa se refazer. -Não plante serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e para que não se perca a sua riqueza. -Faça uma cisterna no canto de sua casa para guardar a água da chuva. -Represe os riachos de cem em cem metros ainda que seja com pedra solta. -Plante cada dia pelo menos pé de árvore até que o sertão seja uma mata só. -Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai se acabando, o gado melhorando e o povo terá o que comer. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo, o sertão todo vai virar um deserto só". Estas práticas nos dão a esperança de que as atuais dores não são de morte mas de um novo nascimento. A vida triunfará.
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