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Bolsonaro de focinheira é tão nefasto quanto o que late alto. Por Marcos Coimbra
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Dando o que Falar
Dom, 05 de Julho de 2020 04:57

marcos-coimbraQue risco de golpe corre o Brasil? É real a ameaça, há indícios sólidos de que os militares querem tomar o poder e colocar o capitão no trono? Ou os arreganhos golpistas do próprio, de seus amarra-cachorro palacianos e de alguns oficiais aposentados são blefes?

A crer nas declarações das lideranças do Congresso e do Judiciário, o risco não existe e podemos ignorar os rosnados. Os comentaristas, editorialistas e articulistas da “grande” imprensa dizem o mesmo, assim como os especialistas em política do mercado financeiro. Todos estão, provavelmente, certos, nem que seja por enquanto.

Os argumentos são muitos. Por exemplo, que Bolsonaro fala barbaridades apenas para açular sua tropa e não é para levá-lo a sério. Que as Forças Armadas deram (ou tentaram dar) vários golpes de estado ao longo da história, mas nunca para inventar um ditador (e não seria agora, com um capitãozinho). Que o mundo se transformou dos anos 1960 para cá e pega mal um golpe militar à moda antiga. É ruim para os negócios.

Depois que recrudesceu a retórica golpista do bolsonarismo, uma parte das elites se assustou, no entanto. Foram acalmadas, com os mesmos argumentos usados na época da eleição: que não há motivos para temer Bolsonaro, um falastrão que late, mas não morde. Que nossas instituições são suficientemente fortes para contê-lo (daí, aliás, o motivo de haverem votado nele sem dor de consciência).

Quem não acredita nisso e sempre se preocupou com o golpismo intrínseco ao bolsonarismo é a esquerda e os democratas sinceros. Mas ficaram dois anos falando sozinhas, apresentadas como “alarmistas” ou “aproveitadoras”, inventoras de riscos imaginários.

De repente, os tempos mudaram. Não com Bolsonaro, que permaneceu onde esteve a vida inteira: orgulhoso de seu autoritarismo tosco, suas influências ideológicas obscurantistas, sua proximidade com as milícias, o militarismo e o policialismo. Nem com a esquerda, que tampouco mudou, pois nunca teve a ilusão de que o cargo o civilizaria. Papagaio velho não aprende a falar.

Quem mudou foi a direita, promovendo manifestos, editoriais de página inteira, declarações ominosas, civismo virtual. Ela agora quer dar aulas de boas maneiras à sua criatura, ensinando-a a não falar palavrões, como “ditadura”, “censura”, “prender ministros do Supremo” e outras obscenidades. Porque, de resto, é apenas isso que deseja de Bolsonaro. No fundamental, ele faz o que queriam dele.

O Brasil está indo para o fundo do poço, incapaz de responder a uma gravíssima crise sanitária e econômica. Nossa construção institucional mais próxima de um verdadeiro Estado de Bem-Estar Social mal sobrevive, depois de quatro anos de desmonte promovido pela dupla Temer e Bolsonaro. As regras de convivência civilizada se deterioraram completamente. Temos picaretas e idiotas destruindo anos de políticas sociais, ambientais e culturais.

Na pandemia, estamos contabilizando, diariamente, mais mortes que China, Índia, toda a Europa (incluindo a Rússia) e a África, somadas. Ou seja: o Brasil, sozinho, nos últimos dias, ultrapassa o número de mortes notificadas nos lugares onde vive mais de 60% do mundo, apesar de representar apenas 2,7% da população mundial. Esse é o tamanho do buraco em que nos meteram a incompetência e a irresponsabilidade do capitão e sua tralha.

Alguém quer motivos para decretar que Bolsonaro é incapaz de governar, como aconteceu com Collor e Dilma, e que é necessário removê-lo (até fabricando motivos, como fizeram com Dilma)? Precisa haver mais algum, além da catástrofe humanitária que experimentamos e que apenas começa? Quem se dispuser a procurar, terá muito a encontrar.

A esta altura da conversa, sempre aparece alguém dizendo que Bolsonaro “ainda tem uma base”, os tais 30%, apesar de todas as pesquisas mostrarem que seu apoio efetivo mal chega à metade disso. Como se houvesse uma regra aritmética que estabelece o ponto em que a sociedade está autorizada a se livrar de alguém como ele. Como se consensos e maiorias não fossem formadas e redefinidas no jogo democrático.

A lorota dos 30% é uma das desculpas para preservar o que interessa às elites no bolsonarismo: a ortodoxia neoliberal na politica econômica e a promessa de erradicar a esquerda. Querem somente que, enquanto isso, não morda a mão do dono. Para o Brasil, todavia, um Bolsonaro de focinheira é tão nefasto quanto o que late alto.


Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Artigo publicado originalmente em  https://www.brasil247.com/blog/quieto-bolsonaro

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