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Bolsonaro, herói do agronegócio... europeu. Por Marcio Astrini
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Dando o que Falar
Qua, 23 de Setembro de 2020 07:33

Marcio_AstriniNão foram só Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão que deram risada com as queimadas no Pantanal. A cada vez que o governo brasileiro escarnece da destruição dos biomas do país, duas organizações sediadas a milhares de quilômetros daqui abrem um sorriso de satisfação — a Copa e a Cogeca, as poderosas associações do lobby agrícola europeu.

Segundo o site “Politico”, as entidades irmãs, que representam os fazendeiros e as cooperativas agrícolas da Europa, têm imposto resistência ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, cuja fase de ratificação pelos Parlamentos dos 28 países do bloco tem uma etapa decisiva em outubro. Ainda segundo o “Politico”, o argumento do agro europeu para pressionar os governos da UE contra a assinatura do acordo é simples e matador: “Nós não queimamos nossas florestas”.

Percebam a ironia: o governo Bolsonaro tem promovido o desmatamento e negado as queimadas para atender às demandas de uma parcela (podre) do agronegócio brasileiro e, ao fazer isso, dá munição a nossos concorrentes na Europa. Hamilton Mourão e Ricardo Salles acusam ONGs brasileiras que denunciam o desmatamento de serem instrumentos de interesses comerciais estrangeiros — enquanto eles mesmos são os principais garotos-propaganda dos interesses do agro europeu.

Bolsonaro briga em público com Emmanuel Macron, Paulo Guedes diz-lhe deselegâncias à mulher, mas quem ri por último é o presidente francês. A selvageria ideológica dos brasileiros no sutil jogo da política externa faz Macron jogar parado em defesa do setor agrícola, que pesa no PIB e na política da França. Em recente declaração, o governo francês disse publicamente se opor ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Os índices pornográficos de desmatamento, as queimadas fora de controle, as emissões de carbono em alta em plena pandemia, as fotos de animais carbonizados e o sangue indígena derramado, tudo isso são dádivas do Brasil aos fazendeiros da Europa. Cada vez que Bolsonaro parabeniza a si próprio pela preservação ambiental do país; cada vez que Salles mente sobre a inexistência de queimadas; cada vez que o general Mourão ameaça o Inpe, o acordo comercial com a UE dá mais uma escorregada do telhado. E a Copa-Cogeca ri de orelha a orelha.

Para além do acordo de livre comércio com o bloco, nossas exportações são ameaçadas no dia a dia, no varejo, em cada país europeu. Os consumidores da UE não querem desmatamento em sua mesa, e as grandes redes varejistas europeias sabem disso. Sinaliza-o a carta entregue a Mourão no dia 15 de setembro pelos oito países do Grupo de Amsterdã que, juntos, representam 10% de tudo o que o agro nacional exportou em 2019.

A missiva vai até o limite da delicadeza diplomática, ao dizer que o Brasil já foi bom nisso de produzir reduzindo desmatamento e que “está se tornando cada vez mais difícil” comprar da gente com segurança.Quando a imagem do país inteiro vai para o vinagre como a nossa foi, não adianta nada ter estudo na “Science” mostrando que só 20% das nossas exportações estão contaminadas por desmatamento: a freguesia enxerga que 100% do país estão contaminados por Bolsonaro.

A tragédia dentro dessa tragédia é a maneira como o agro brasileiro está reagindo diante do iminente massacre comercial em nosso segundo maior cliente. Em muitos momentos, saem em defesa do governo cuja política antiambiental lhes arrasa a imagem.

O ditado diz que é impossível alguém entender alguma coisa quando seu salário depende de não entendê-la. Isso vale para Mourão, Salles e Ernesto Araújo; no caso de boa parte do agro brasileiro, porém, sua receita — e a nossa balança comercial — depende de que entendam que o mundo mudou, que o Brasil está em chamas e que não há propaganda que desminta uma imagem de satélite.Marcio Astrini é secretário-executivo do Observatório do Clima, rede de 50 organizações da sociedade civil

https://oglobo.globo.com/opiniao/bolsonaro-heroi-do-agronegocio-europeu-24654480

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