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O jogo sujo do bolsonarismo não precisa do voto impresso. Por Moisés Mendes
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Dando o que Falar
Sex, 13 de Agosto de 2021 03:54

moises-mendesPedro Castillo foi eleito presidente do Peru no dia 6 de junho. Mas só foi declarado e reconhecido oficialmente como eleito no dia 19 de julho, porque Keiko Fujimori, a candidata da extrema direita, não aceitou a terceira derrota, tentou anular a eleição e depois pediu recontagem de votos.

No Peru, direita e extrema direita têm agora o apoio sofisticado, explícito e neoliberal de Mario Vargas Llosa. Não deve existir em outro lugar uma situação tão esdrúxula em que um Prêmio Nobel apoie golpistas.

Mas assim caminha a América do Sul. Na Bolívia, em outubro de 2019, Evo Morales foi reeleito, e a Organização dos Estados Americanos levantou suspeitas sobre a lisura da eleição.

Era a senha para que aplicassem o golpe e um mês depois aconteceu a queda de Morales. O golpe durou apenas um ano, a democracia venceu, e as denúncias sobre fraudes nas eleições foram finalmente arquivadas este mês pelo Ministério Público, com base em conclusões de uma auditoria internacional.

Mas direita e extrema direita, lideradas por Luís Fernando Macho Camacho, governador de Santa Cruz de la Sierra, não desistem, mesmo que o golpe tenha sido aparentemente sepultado e os golpistas civis e militares (menos Camacho e alguns generais foragidos) estejam presos.

Mantém-se em todas as frentes do golpismo a pregação de que a eleição foi roubada, agora com novo ataque da OEA ao arquivamento das denúncias pelo MP.

Não, eles não questionam a eleição de outubro do ano passado, que elegeu Luis Arce e levou o Movimento ao Socialismo de volta ao poder. Os golpistas atacam a eleição de outubro de 2019, aquela vencida por Morales.

Na Argentina, Mauricio Macri dá entrevistas a todo momento aos jornais e TVs da direita, para dizer que não confia em alguns juízes eleitorais, porque seriam ligados ao kirchnerismo.

Macri diz desconfiar da Justiça Eleitoral e também pede mais transparência, depois de ter sido derrotado por Alberto Fernández em outubro de 2019 e se preparar para novas derrotas.

O argentino ‘liberal’, modelo latino de Paulo Guedes, caminhou para a extrema direita e está agora sob a acusação de ter colaborado, com o envio de munições a La Paz, para o êxito do golpe na Bolívia.

Todos eles imitam Donald Trump, depois da descoberta de que é fácil tumultuar a democracia. Toda a eleição perdida deve ser questionada, de preferência com uma grande confusão.

O surpreendente é que essa estratégia foi acionada aqui pela soberba tucana, quando Aécio Neves não aceitou a derrota em 2014 e abriu a porteira para o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff. A farsa de Aécio acabou gerando Bolsonaro.

E a farsa do voto impresso de Bolsonaro é a sequência desse enredo latino. Bolsonaro vai esticar até onde for possível a falsa controvérsia, enquanto parte do Congresso, TSE e Supremo buscam um jeito de desarmá-lo.

Todos eles, Aécio, Trump, Fujimori, Camacho, Macri e Bolsonaro precisam de poucos instrumentos para esculhambar com a democracia, dentro da própria eleição, sempre que forem perdedores.

O voto impresso no Brasil seria a chance de uma recontagem sem fim, porque, mesmo que termine, como terminou no Peru e na Bolívia, o resultado da eleição estará sempre sob suspeita, se o vencedor for a esquerda.

Bolsonaro não quer voto impresso, nem auditagem e tampouco transparência. O que ele quer é a confusão que qualquer fascista pode promover hoje em qualquer lugar, sem muita dificuldade.

Bolsonaro deseja que o resultado da eleição se transforme num imbróglio. Esperava, com o voto impresso, que após a eleição fossem encontrados ‘votos’ em calçadas, estradas, lixões, valos, esgotos, por todo lado.

Sem o voto impresso, o bolsonarismo já prepara os cenários para 2022. Teremos centenas de vídeos de eleitores com denúncias de fraudes.

A eleição de 2022, com ou sem Bolsonaro, terá gente gritando nas seções eleitorais e pedindo o registro do flagrante de fraudes.

O voto impresso facilitaria a vida desse pessoal, porque eles teriam os vídeos, a gritaria, a recontagem e as ‘cédulas’ fabricadas e extraviadas.

Mas o bolsonarismo não precisa do voto impresso para ir em frente contra a eleição em que pode ser goleado por Lula. Precisa apenas de milícias bem organizadas para fabricar fraudes em cada Estado.

Luis Roberto Barroso e o TSE fazem o certo com as trancas das novas medidas que ampliarão a transparência e os mecanismos de controle e auditoria das urnas eletrônicas e da apuração, com a participação de outras instituições.

O ministro amplia as cumplicidades em torno de um sistema eleitoral consagrado, mas só isso não basta. O TSE deve se preparar também para o jogo sujo, se é que consegue.

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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