De Saigon a Cabul, EUA colecionam derrotas em guerras. Por Jeferson Miola |
Dando o que Falar | |||
Ter, 17 de Agosto de 2021 04:55 | |||
Desde o fim da 2ª guerra mundial, no contexto da guerra fria os EUA apoiaram ou promoveram diretamente dezenas de conflitos, intervenções, ataques, atentados, golpes de Estado, invasões e destruições de soberanias ao redor do mundo, em especial em países latino-americanos. Nestas empreitadas, a potência do Norte tanto colecionou êxitos como fracassos. Cuba é o mais retumbante e longo fracasso; já dura 6 décadas. Mesmo quando alcançou objetivos imediatos com seu intervencionismo ilegal – como no Haiti e na Líbia, para citar dois exemplos tragicamente emblemáticos – os EUA legaram ao mundo um saldo de longo prazo absolutamente desastroso e catastrófico. Já nas guerras de longa duração que encabeçaram com suas tropas próprias ou mercenárias em solo estrangeiro, os EUA foram, contudo, fragorosamente derrotados, como aconteceu no Vietnã, Iraque e Afeganistão. Nestas três guerras, as Forças Armadas mais poderosas do planeta – e, supostamente, imbatíveis – foram escorraçadas por forças de resistência com capacidades bélicas e tecnológicas incomparavelmente menores. Para a potência imperial que possui uma máquina militar poderosíssima e sem precedentes de comparação em toda história da dominação imperialista, a derrota na guerra do Afeganistão tem o mesmo sabor de vexame e humilhação provado no Vietnã. As imagens dos helicópteros estadunidenses sobrevoando as embaixadas em Saigon [1975] e Cabul [2021] falam por si. Como assinalou o cineasta estadunidense Michael Moore, “A queda, mais uma vez. A América perde outra guerra. Nossa guerra mais longa. ‘Somos o nº 1 !!’. Gastamos mais de US $ 2 trilhões. Sacrificamos mais de 2.300 vidas de americanos para invadir um país onde Bin Laden nunca foi, em lugar nenhum, encontrado. Bush disse que não tinha interesse em capturá-lo. A equipe de Obama o encontrou em uma casa na mesma rua de ‘West Point’ do Paquistão. Quem diria! NÓS somos os invasores. O Talibã não é invasor – eles são afegãos – é o país deles! Eles são loucos religiosos. Nós sabemos o que parece – nós temos o nosso próprio! Que bagunça trágica. Reembolsar o complexo militar-industrial (aumentar o financiamento para veteranos!), Reembolsar a NSA e a Segurança Interna. Eles enviaram nossas jovens tropas para a morte. Vergonha! 15 dos 19 sequestradores em 11 de setembro eram da Arábia Saudita! Nem do Afeganistão, nem do Iraque, nem do Irã … Mais uma vez, fomos derrotados por um exército sem aviões bombardeiros, sem contratorpedeiros, sem mísseis, sem helicópteros, sem napalm – apenas um bando de caras em picapes. Não ganhamos uma guerra real na defesa deste país desde a Segunda Guerra Mundial. 76 anos atrás hoje …”. A despeito da sua temível força militar, do poder bélico sofisticado, do auxílio de exércitos mercenários e das tecnologias altamente mortíferas, os EUA perderam as guerras prolongadas em que se meteram, deixando um rastro devastador para trás. Jeferson MiolaIntegrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial Artigo publicado originalmente em https://www.brasil247.com/blog/de-saigon-a-cabul-eua-colecionam-derrotas-em-guerras
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