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Bolsonaro se sente traído, e ele tem razão. Por Fernando Horta
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Dando o que Falar
Dom, 29 de Agosto de 2021 05:00

Fernando_HortaHá alguns meses quem acompanha o estado físico do presidente percebe sinais de problemas. Bolsonaro emagrece e sua pele se torna fina e amarelada.

Olheiras profundas, lábios afinando e sem cor. Pensamentos cada vez mais desconexos, incapacidade de raciocínio lógico, de julgamento da realidade. Tudo se tornar violência e falta de tato. Tais sintomas, mesmo para um ex-capitão do exército, sem lustro e sem lastro qualquer de humanidade é um evidente sinal de decadência física. A presidência lhe tem cobrado um preço alto. Preço que o projeto de ditador não estava preparado para pagar. Aliás, preço que não estava exposto na barganha original que o colocou na presidência. E por isso, Bolsonaro se sente traído.

O Brasil que deram a Bolsonaro, em 2018, é muito diferente do Brasil de 2021. As elites entregaram um país a um incapaz capitão, mas fizeram força para realizar isso. Esta ação política ensejou um pacto. Velado, mas ainda sim um pacto. Este acordo foi muito bem entendido por Bolsonaro, e agora, apenas dois anos depois, as mesmas elites rompem unilateralmente o pacto. A lógica do fascismo se sustenta dentro da ideia de sacrifício e da realidade da traição. Bolsonaro foi traído e vai querer vingança.

Em 2018, o Brasil era da Lava a Jato. Moro era o ministro supremo do STF, tendo suas posições, suas ideias, seus crimes e seus planos embalados pela mais alta corte do país. Seja por inação ou pelo falso moralismo pedante que embala seus membros, é fato que o fiador de Moro foi o STF. No país da Lava a Jato, juiz condena sem provas e o promotor enriquece com palestras a partir de convites desta própria elite. Conluios e conchavos vergonhosos são ratificados pelo trio ternura do TRF-4. Sem ler, sem querer ler nada, e apenas sentenciando. No Brasil de 2018, Sérgio Moro era reverenciado pela mídia. O cavaleiro de voz fina, que podia tudo contra Lula e contra a esquerda. É nesse embalo que Bolsonaro o convida ao governo. Moro era o ditador do judiciário como a elite prometera que Bolsonaro seria o do executivo. Vale lembrar que diversas decisões judiciais foram dadas para proteger o passado nefasto do ex-capitão durante a campanha. A oposição não poderia falar em milícia, não poderia lembrar a ode de Bolsonaro à tortura, ao golpismo e ao genocídio. Tudo foi orquestrado no acordo tácito. Senhor Bolsonaro, vem a nós o vosso reino e salva-nos do comunismo.

O Brasil de 2018 era o Brasil em que tuítes de general desfaziam decisões da suprema corte. Não era necessário nem um tanque, nem um soldado. Os mesmos generais eram chamados para entrevistas em horário nobre nas televisões, recebendo o lustro em suas botas por parte de jornalistas que mais pareciam serviçais. Pajens que apresentavam e eram fiadores do pacto com Bolsonaro. Mourão ofendia negros e indígenas no primeiro mês de governo, mas valia tudo. Tudo era aceito se fosse para espezinhar e destruir o “inimigo”. Este era o pacto que Bolsonaro aceitou. Nele nunca esteve qualquer pedido para que o ex-capitão governasse, ou para que lidasse com quaisquer problemas reais do Brasil.

No Brasil de 2018, Paulo Guedes era o príncipe do desenvolvimento. Ungido na Terra Santa dos neoliberais, o Chile de Pinochet, nada poderia dar errado. Com um capitão que metralhava imageticamente a todos, e um ministro oriundo da grande Escola de Chicago, o desenvolvimento do país aconteceria por si só. Nem a proverbial fadinha da confiança seria realmente necessária. Desregulamentar, empobrecer e desburocratizar. Era o lema do acordo. Guedes foi colocado para ser o que Moro era para o judiciário e o que Bolsonaro assumia para ser no executivo. Poderes sem contestação. A serviço das elites.

O Brasil de 2018 não tinha coronéis envolvidos em propinas ou generais milionários com salários de mais de 100 mil reais por mês. Aliás, no Brasil de 2018 bastava que alguém dissesse algum jargão sobre o Brasil e a pátria para ganhar imediata legitimidade contra quaisquer defeitos. Pela pátria valia tudo. Valia espancar homossexual, agredir e matar pessoas trans, valia colocar negros “no seu lugar” e ameaçar qualquer “esquerdista”. Tudo ao som de aplausos e brados de incentivo.

No Brasil que entregaram para Bolsonaro, desde jovens apedeutas liberais até atores pornô se ombreavam ao lado do ex-capitão. Evangélicos queriam apenas a sua “pauta de costumes”. Não havia pedido para indicação de ministros "terrivelmente evangélico” ou para ONG’s intermediadoras da compra de vacinas superfaturadas. Esse evangelismo neopentecostal era apenas apoio. Essa era a promessa, esse era o pacto. No Brasil de 2018, todos estavam convencidos que precisavam se “sacrificar” pelo Brasil. Trabalhadores perdiam direitos, desempregados perdiam segurança social e as pessoas em geral trabalhavam pelo fim da saúde e do ensino público. Tudo era sacrifício “pela pátria” e “contra a corrupção”.

O Brasil de 2018, Brasil que Bolsonaro aceitou governar, tinha o “Petrolão” como “maior escândalo de corrupção da história do mundo”. Quiçá do universo. Dallagnol e os “filhos de Januário” concorriam no cinema com os super-heróis da Marvel. Tinha série de Netflix engrandecendo delegadas que assassinaram reitores. No Brasil de 2018, Lula estava preso e Roberto Jefferson solto. Felipe Neto fazia exatamente (embora com maior talento) o que faz Allan dos Santos. O Rasputin de Vermont vociferava nas redes contra o “globalismo”, e o chanceler de papel repetia que o aquecimento global era fruto dos novos locais onde os cientistas mediam as temperaturas.

E tudo era aplaudido pela imprensa e pelas elites.

Bolsonaro aceitou governar este Brasil. Um Brasil que tinha tanta gente submissa ao ex-capitão fascista que não havia necessidade sequer de mobilizar suas tropas de segurança: as milícias e os policiais militares. Não era preciso. O Brasil sabia que seu lugar era atrás do ex-capitão. As elites e a imprensa sabiam que seu papel era o de uma arrumadeira de hotel. Limpando e organizando tudo para o hóspede usufruir. E rápido.

No Brasil deste “grande acordo, com o supremo, com tudo” ninguém se preocupava com rachadinhas ou com loja de chocolate e laranjas. No acordo que Bolsonaro fez, isto já existia. Existia e todos sabiam. Junto com o país que foi entregue para Bolsonaro, as elites entregaram também uma carta branca. A ele, Guedes e Moro. O triunvirato de ferro.

Os todo-poderosos que iriam transformar o país em um sonho ainda maior para milionários. E isso com um parlamento sonso, perverso e incapaz. Alcolumbre era a marca. Ele e o golpe do primeiro dia sobre Renan Calheiros. Estava tudo acertado. Estava tudo claro. Estava tudo conversado. E Bolsonaro assumiu o cargo de vice-rei do executivo, com Sérgio Moro como Ministro-em-chefe do judiciário brasileiro, e Paulo Guedes como Conselheiro de Finanças da Companhia Ocidental dos milionários do Brasil. E tudo pelo voto popular, ao som do mar e a luz do céu profundo.

O Brasil de 2021 não tem mais quase nada disso. E o de 2022 será ainda mais arredio. Bolsonaro não perdoará a traição. Irá atrás de todos aqueles que lhe “enganaram” e hoje ameaçam sua família. Nem que para isso ele precise destruir as instituições. Instituições, aliás, que no pacto original deveriam ficar caladas e deixar ele governar. Na cabeça do ex-capitão, todos os que tiverem a pachorra de mudar os termos do acordo deverão pagar. E não há nada que possa demovê-lo disto. O golpe é na realidade um “contragolpe” para colocar o Brasil nos trilhos de onde Bolsonaro acha que “nunca deveria ter sido tirado”. 
E ele tem ainda dois 7 de setembro’s para fazer com que esses traidores sofram. E vai. Com a “ajuda de Deus e a força do povo”. Ele sabe o que deve fazer.

Artigo publicado originalmente em https://jornalggn.com.br/editoria/politica/bolsonaro-se-sente-traido-e-ele-tem-razao-por-fernando-horta/

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