O projeto “Fuxicos Futuros” dá pontapé em sua segunda temporada no dia 26 de maio (sábado), das 14h às 17h, inaugurando um novo formato: os “Processos Criativos”, em que as mulheres integrantes do Coletivo Transdisciplinar Fuxicos Futuros apresentam suas diversas construções intelectuais e criativas. Abrindo a programação, a antropóloga Goli Guerreiro instala suas “Percepções do Atlântico – da etnografia à antropologia estética”. O evento, acolhido pelo Goethe-Institut Salvador-Bahia, é aberto ao público, com entrada franca.

Segundo Goli, o trabalho propõe uma discussão sobre os fazeres tradicionais da antropologia e novas formas de produção de conhecimento antirracista, a partir de produções em antropologia estética. “A fim de transitar das questões teóricas para a experimentação, proponho a montagem do ‘Estúdio África’ – um estúdio de fotografia ao ar livre com a instalação de três fundos decorativos”, explica ela. Inspirado na história e nas práticas da fotografia africana, a experiência envolve a participação dos presentes, que são convidados a escolher um dos cenários e se deixar fotografar, como forma de provocar o debate sobre repertórios estéticos decoloniais e conhecimento empático. Os fundos, grafitados em madeira naval e inspirados em cenas de países africanos, foram criados pelo artista visual Eder Muniz (Calangos).

O “Estúdio África” foi realizado originalmente na feira livre do bairro de Castelo Branco, em Salvador, em outubro de 2017, dando origem ao “Estúdio África – Coleção Salvador”, apresentado na Mostra da Fotografia Africana e a da Diáspora, no Espaço Cultural da Barroquinha, e na 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, neste próprio mês de maio de 2018.

HISTÓRICO – Composto por mulheres artistas e intelectuais, negras, indígenas, trans, bi e lésbicas, o Coletivo Transdisciplinar Fuxicos Futuros reúne conhecimento não-hegemônico e define uma agenda própria, focada em si e em suas demandas políticas emergentes. O projeto-ação “Fuxicos Futuros” nasceu inspirado pela passagem de Grada Kilomba como residente do Programa de Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut Salvador-Bahia, no último bimestre de 2016. A artista portuguesa, cuja obra aborda questões de gênero, raça, trauma e memórias, realizou três conversas performáticas que mobilizaram centenas de pessoas, especialmente mulheres negras, que se fizeram mais presentes na rotina do instituto alemão. Kilomba ativou debates e efervesceu a necessidade de espaços que estejam abertos à intelectualidade e vivência dessas mulheres. Em seis edições mensais durante 2017, o “Fuxicos Futuros: Conversas no Pátio” se formatou como um ciclo de conversas protagonizadas por mulheres atuantes na Bahia. Entre trocas existenciais, políticas e artísticas, a iniciativa promoveu diálogos e a articulação da comunidade negra envolvida no debate da problemática racial e de gênero que atravessa a história da sociedade brasileira.