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Festa de Santa Bárbara
Domingo 04 Dezembro 2016, 14:00

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“No dia 4 de dezembro vou no mercado levar, na Baixa do Sapateiro, flores pra santa de lá, Bárbara santa guerreira quero a você exaltar, é Iansã verdadeira a padroeira de lá”. Os versos do sambista Tião Motorista que ganharam força na voz de Maria Bethânia anunciam o que está para acontecer. O Dia de Santa Bárbara abre o Calendário de Festas Populares da Bahia, com a responsabilidade de vestir o Centro Histórico de Salvador de vermelho e branco. Católicos e Candomblecistas, lado a lado, santa e orixá, símbolo de fé do povo baiano há 365 anos.

Documentos revelam que a celebração de Santa Bárbara teve início no final do século XVII quando o casal Francisco Pereira do Lago e Andressa de Araújo, fundou na Cidade Baixa, o morgado (vínculo dado a certos bens que deveriam ser transmitidos ao primogênito sem que este os pudesse vender) de Santa Bárbara para garantir riqueza aos descendentes do casal. Com o tempo, o morgado foi sendo transformado em mercado.

De acordo com o antropólogo Fábio Lima, naquela época a celebração à Santa Bárbara era considerada uma festa marginal, bancada principalmente pelos comerciantes pobres e pela população de baixo poder aquisitivo. Além de ser uma festa que mesclava práticas religiosas de matriz africana. Por estes motivos, a festa de Nossa Senhora de Conceição da Praia, celebrada em 08 de dezembro, foi escolhida para abrir o calendário de Festas Populares da Bahia, “Conceição da Praia era (é) padroeira da cidade e sua Irmandade só permitia homens brancos, os fidalgos da época. Enquanto a festa de Santa Bárbara tinha em seu cortejo travestis, negros, sambistas. Então a festa foi perseguida e discriminada por muitos anos”, explica o estudioso.

As mesmas revelações estão no livro Notícias da Bahia – 1950, do fotógrafo francês radicado na Bahia Pierre Verger. Ele constata esse fato ao apontar o perfil das pessoas que participavam do festejo: “A festa de Santa Bárbara que cai no meio da novena de Nossa Senhora da Conceição é celebrada, sobretudo, pelos africanos e pelas pessoas que trabalham no mercado de Santa Bárbara na cidade baixa [...] a festa católica consiste em uma missa e uma procissão em torno do mercado dos Arcos de Santa Bárbara. Os devotos dessa santa organizam regozijos no interior do mercado, onde sambam e bebem cachaça em abundância”. (1999, p.73).

Por conta de incêndios no mercado, a imagem da santa percorreu alguns templos da capital, a exemplo das igrejas do Corpo Santo, da Conceição da Praia, do Paço e da Ordem Terceira do Carmo até chegar à Igreja a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, 1987, onde permanece até hoje. O Mercado de Santa Bárbara também mudou de endereço, passando da Cidade Baixa para a Baixa dos Sapateiros.

No ano de 2004, foi publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia uma notificação pública, provisória, garantindo à Festa de Santa Bárbara a preservação de suas características. O documento garantia a salvaguarda da identidade cultural da Bahia.

Após quatro anos, em junho de 2008, os conselheiros de Cultura do Estado deram parecer favorável à inscrição do festejo no Livro de Registro Especial dos Eventos e Celebrações. E no dia 03 de dezembro, o então governador Jaques Wagner assinou o Decreto 11.353/08 registrando a Festa de Santa Bárbara como Patrimônio Imaterial da Bahia. Título que foi renovado ano passado.

A Procissão

Até início da década de 1970, a missa era realizada no mercado de onde também partia a procissão. Os fiéis percorriam a Baixa dos Sapateiros, fazendo parada no 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, subiam a Ladeira da Praça, passando pela Rua da Misericórdia, Praça da Sé, Terreiro de Jesus e desciam a Praça José de Alencar, mais conhecida como Largo do Pelourinho.

Houve uma inversão, atualmente, a procissão segue pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Rua da Misericórdia, Ladeira da Praça, Quartel do Corpo de Bombeiros e depois até o Mercado de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros.

Quando a missa passou a ser celebrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na década de 80, a festa de Santa Bárbara já havia ganhado uma dimensão relevante. A presença dos fiéis cresceu tanto que há nove anos a missa se tornou campal e hoje é realizada no Largo do Pelourinho.

Segundo a secretária da Mesa Administrativa da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,  Cosma Miranda , que há 19 anos organiza as celebrações católicas,  a popularidade da santa é atribuída ao “poder transformador da fé”. Ainda de acordo com Cosma, o sincretismo religioso aumenta a grandiosidade da festa. “A fé une todos os povos, por isso a festa de Santa Bárbara cresceu dessa forma”, conclui.

Este ano, o tema designado pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos para celebração de Santa Bárbara é: “Espelho de Obediência e Fidelidade, ajudai-nos a sermos perseverantes na Fé em Cristo, nosso Redentor”.

A preparação para o Dia de Santa Bárbara tem início nesta quinta-feira (01) com o um tríduo à mártir católica através da celebração de uma missa às 18h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, localizada no Largo do Pelourinho. E segue até domingo (04), quando a partir das 5h da manhã,acontece a alvorada festiva. Às 7h30, das sacadas da Casa 17, sede do Centro de Cultura Populares e Identitárias da SecultBA, músicos sopraram os clarins, que vão anteceder a Missa Campal, marcada para as 8h. Em seguida a procissão sai pelas ruas do Centro. Em paralelo, às 11h também é rezada uma Missa no Quartel da Barroquinha com participação da comunidade e dos Bombeiros Militares.

Quem é quem: Bárbara e Iansã

Reza a lenda que no final do século III, Santa Bárbara era uma bela jovem, filha de um rico e nobre morador de Nicomédia (atual Turquia), chamado Dióscoro. O pai teria aprisionado a filha em uma torre para protegê-la do assédio masculino até que atingisse a idade matrimonial. Quando isso aconteceu, Bárbara já estava convertida ao cristianismo e não aceitou casar-se e renegar a sua fé. Transtornado, Dióscoro degolou a filha em praça pública e, após matá-la, foi atingindo por um raio.

Já Iansã, também conhecida como Oyá, é tida como “Senhora dos Raios”. A poderosa Orixá africana também controla os ventos e as tempestades, além de ser bela e determinada. Um universo que mexe com o nosso imaginário. Muitos acreditam que Iansã era uma mulher-búfalo e que o capitão Ogum, enquanto caçava, ia matar o animal que virou uma encantadora mulher, por quem ele se apaixonou e casou. Outra versão para essa mesma estória diz que Iansã, já esposa de Ogum, teria feito uma fantasia de búfalo para fugir às escondidas, de vez em quando, e se encontrar com Xangô, por quem era apaixonada.

Unificadas pelo sincretismo religioso que marcou o período escravocrata no Brasil, Santa Bárbara e Iansã têm como similaridades, o que hoje podemos chamar de empoderamento feminino. Além de ambas as divindades serem representadas em imagem segurando uma espada.

O Sagrado e o Profano

Os dois lados da moeda, como de costume nas festas populares, que misturam manifestações religiosas com elementos festivos, o sagrado e profano se mesclam no dia 04 de dezembro.

O caruru de Santa Bárbara faz parte da liturgia em homenagem a santa. Por isso, depois da procissão, os fiéis seguem para desfrutar de banquetes oferecidos em alguns pontos do percurso. No Mercado de Santa Bárbara, e no Quartel do Corpo de Bombeiros.

A festança prossegue com shows espalhados pelos quatro cantos do Pelô, movimentando todo o Centro Histórico. Entre as atrações já confirmadas estão o grupo Vou com Fé: Samba de Oyá’ e os Ensaios dos Blocos Samba Fogueirão, e Jaké, na Praça Quincas Berro D’Água. Também vão marcar presença Samba Pretinho, Grupo Movimento e Samba de Verdade, na Praça Pedro Archanjo.

 

Valor Grátis

Com Jorginho Commancheiro (14h), Márcia Short (15h30), Didá Banda Feminina (17h30) e Aloísio Menezes (19h30).

Localização  Largo do Pelourinho
Largo do Pelourinho. Pelourinho
Brasil/Bahia/Salvador
40026-280

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