Contagem regressiva. Por Claudio Guedes |
Ter, 16 de Outubro de 2018 02:50 |
Daqui a exatamente duas semanas estaremos de novo votando e decidindo o futuro do país. Nas eleições mais dramáticas das últimas décadas, na qual se esboça um novo tipo de confronto, não mais ideológico e programático, mas de concepções radicalmente opostas de mundo e sociedade.
Talvez ainda não tenha ficado claro para muitos, mas no dia 28/10 os brasileiros decidirão não entre o paraíso e o inferno. Mas qual tipo de dificuldade estarão dispostos a enfrentar nos próximos anos: a difícil retomada de um projeto de nação, em uma sociedade muito dividida e no bojo de uma economia semi-paralisada, porém num ambiente democrático, ou a aventura de embarcar num projeto personalista, de um candidato oportunista que, surfando uma onda supostamente renovadora, representa a regressão autoritária e conservadora superada há quatro décadas pela sociedade brasileira. "As coisas se desfazem, o centro não se sustenta. [Numa tradução para lá de livre, as palavras tão atuais do poeta irlandês, W. B. Yeats (1865-1939), do poema The Second Coming]. Temos que resgatar os melhores, não podemos aceitar que eles abram mão de suas convicções. Não com o perigo que nos ronda. A contagem está aberta para tentarmos deter a violência prometida, a vitória do preconceito, da misoginia, do ataque selvagem aos direitos dos mais pobres e necessitados e, sobretudo, da vulgaridade. Uma vitória de JB será a derrota de valores democráticos e civilizatórios tão duramente conquistados pelo país num longo caminho iniciado ainda no Império, com a Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão. São, de lá para cá, 130 anos de avanços, aos tropeços é bem verdade, com momentos de retrocesso constitucional e democrático mas, mesmos nestes, alguns avanços do processo civilizatório não foram questionados de forma tão obscena. JB é o candidato que ao visitar uma área de quilombolas afirmou publicamente: “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”, e complementou “não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”. JB é o candidato que no Congresso Nacional, casa da democracia e da representação popular, disse a uma deputada: "eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir". JB é o candidato que afirmou, em recente comício público, no Acre: "vamos fuzilar a petralhada". Racismo, desprezo às mulheres e incitação à violência política. É isso que vamos escolher como futuro para o país? Só se a insanidade tomar conta da sociedade brasileira. Claudio Guedes é empresário |
Última atualização em Ter, 16 de Outubro de 2018 07:12 |
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