Fascistas podem pixar banheiros mas não sabem produzir conhecimento.. Por José Mamede |
Qui, 18 de Outubro de 2018 07:15 |
O Congresso da UFBA 2018 começou com emoção. Mestre Moa do Katendê foi homenageado com um minuto de silêncio e toques tristonhos de berimbaus. Mestre Moa! Alguém gritou com a voz chorosa. Presente! Responderam as duas mil pessoas que lotaram o Teatro Castro Alves. Até as cadeiras se arrepiaram.
A Orquestra Sinfônica da UFBA abriu com o hino nacional. O maestro se virou e jogou um pode cantar para o público. Hesitamos. Nessa hora é que a gente se dá conta de que sequestraram esse símbolo da nossa identidade nacional. Aos poucos e timidamente fomos aderindo ao coro. As representações dos estudantes, funcionários e docentes expressaram, cada uma a seu tempo, a preocupação com o cenário político. Há o sentimento comum de que a eleição de um presidente fascista coloca em risco a educação pública gratuita, inclusiva e de qualidade. O reitor João Carlos Salles reforçou a idéia de que estamos diante de uma escolha sobre a qual todos devem se manifestar. A indiferença nos torna cúmplices da barbárie. Não poderia ter dito melhor. Perguntou ao público qual candidato estava comprometido com a educação e as minorias. Haddad. Haddad e Manu, alguém corrigiu. Coube ao baiano Muniz Sodré, professor emérito da UFRJ, a conferência de abertura do Congresso. Citando Gramsci, comentou que o mundo velho desmoronou e o novo ainda não emergiu. E é justamente neste momento sombrio que surgem os monstros. Não precisou dizer a quem estava se referindo. As universidades estão em risco diante da expansão do capitalismo financeiro. Repare. Sinalizou Sodré, com sotaque, antes de recordar o mestre Barthes. O professor num primeiro momento ensina o que sabe. Em seguida começa a ensinar o que não sabe. Ensinar o que não sabe é pesquisar. Isso mostra o caráter indissociável do ensino e da pesquisa. E isso só é possível em instituições públicas ou subvencionadas pelo Estado. A escolha de Muniz Sodré para a abertura e a definição do tema "E agora, Brasil? A Universidade e os desafios desses novos tempos” deixam evidente que o Congresso da UFBA é um ato político. Encerro com uma frase cruamente esperançosa do reitor João Carlos Salles. Fascistas podem pixar banheiros mas não sabem produzir conhecimento. |
Última atualização em Qui, 18 de Outubro de 2018 07:27 |
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