Multidão...Por Arthur Andrade |
Sáb, 27 de Outubro de 2018 15:43 |
Se ainda tem uma coisa q me assusta é multidão. Por isso relutei ontem pra encarar uma multidão entre Ondina e Barra, em Salvador, na caminhada com Haddad. E aconteceu o inesperado. Eram 100 mil pessoas mas não era uma multidão.
Multidões n têm forma, nem diversidades. Multidões arrastam sem pena. Multidões sufocam gente como eu. Multidões comprimem, acossam, oprimem. Mas o que vi ontem não tinha nada daquilo que via como multidão. Até perguntei pra amiga mexicana q me arrastou pro meio do bolo de gente. "Cadê a multidão?"
Todo o trajeto, não sei se 4 km, 5, não sei, eu estava em êxtase, emoção no corpo inteiro. Uma alegria, uma sensação de estrangeiro q aterrisa no lugar mais pacífico, leve, mais amoroso de um planeta distante. Como pode 100 mil pessoas ser um grupo de amigos?? Todos ali cúmplices, cuidadosos com o outro, numa vibração de amor incondicional. Um trompaço e um "desculpa aê". Gente q abria passagem pro cadeirante no meio daquele mundo de gente. Do pai com o filho nos ombros no meio daquele mundo de gente. Da idosa com bengalas no meio do mundo de gente. Impressionante a tranquilidade dos amigos jogando baralho enquanto um mundo de gente, sons dos trios, emoções e risos passavam ao lado. E do lado esquerdo o mar iluminado. E meu coração iluminado. Nunca imaginei viver essa experiência mágica de transformação das massas em pessoas. Da multidão em respeito, em abraços, inclusão, consciência. Como alguém ainda pode optar pelo ódio? Como? Talvez nunca tenha visto uma multidão.
Arthur Andrade é jornalista |
Última atualização em Sáb, 27 de Outubro de 2018 15:49 |