O povo da Bahia tem muita fé. Por Franciel Cruz |
Ter, 04 de Dezembro de 2018 17:13 |
O povo da Bahia tem muita fé, mas um pouco de prudência e caldo de galinha não prejudicam, especialmente durante os rituais deste sempre novo e ancestral 4 de dezembro, abertura do ciclo das festas populares e religiosas da Bahia. Por isso, além das tradicionais reverências & vivas a Santa Bárbara, a frase mais escutada quando a imagem chega na Igreja do Rosário dos Pretos, ali naquela FAIXA ETÁRIA de meio-dia e meia, é :"Segura a carteira, criatura". Quem é da rua sabe que a iconoclastia dos amigos do alheio não respeita os lugares sacros. Aliás, por mais paradoxal que possa parecer, fé & iconoclastia tornam-se uma coisa quase una em todo o percurso. E tome-lhe suor e cerveja e, às vezes, algumas pitadas de sangue, pois os meganhas não sabem viver sem sangue, tudo o que eles querem é sangue, cantaria Artur Carmel, caso lá estivesse. E enquanto o suor vai escorrendo, a fé & a iconoclastia sobem a ladeira e se agigantam. Uma oração e uma cerveja é muito bom pra ficar pensando melhor. E o negro, raiz da liberdade, sem emprego fica sem sossego. Porém, mesmo dessossegado, bota o samba no pé. E o mercado vira terreiro. Corta pra Igreja. "Ai, meu pé, você é cego? Não empurre, que eu sei pular Carnaval... deixe de lerdeza..." Eu deixo porque tenho que pegar o buzu pra fingir que vou trabalhar ainda hoje. Na verdade, meu projeto era dar o velho zignau, mas tem uma instituição que não costumo contrariar: o sobrenatural de almeida. E olhe a porra. Quando já estava lá, me raciocinando todo, usando minha catilogência para elaborar uma boa desculpa (atestado não podia, pois já usei deste expediente há pouco), eis que este facebolha, que tudo vê e dedura, me avisa que estou numa imagem de um rapaz chamado Angelo de Alafin, que nunca vi mais sorridente. (Observem a beleza de minha inoxidável camisa do Vitória) E triste sucumbo. Terminou a festa pra mim,. Preciso garantir o cuscuz com charque para meu rebento. Mas ela, a festa & iconoclastia, continua lindamente nas ruas da província. E mesmo sabendo que tenho que ir para o abatedouro, digo o labor, vou um tanto quanto lambuzado de contentamento, pois irei com a seguinte certeza, que fiquei balbuciando sozinho. "É milico, aguente sua onda, que a Bahia você não vai consertar é nunca". P.S Esta homilia, feita às pressas, vai pra Vera Rodrigues, que precisa vir aqui pra comprovar se é mesmo de Iansã. |
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