Materialmente, independente de onde seremos enterrados estaremos nos braços de Nanã e teremos a tranquilidade e acolhimento acalentadores, assim como, com a nossa seiva, preencheremos outras seivas que, outrora, se entregaram e integraram em nós.
Espiritualmente Yansã nos conduz, zela, acalenta e nos faz explodir em uma energia intensa, um grande feixe de luz através do cosmos, do Todo, que é o Orum.
Oxalá aguarda o retorno de quem outrora se tornou matéria, com a paz de quem sabe que essa existência física só foi possível devido à conjunção de tantos Orixás tendo ao lado a emanar afetos, energias e bênções dos ancestrais. O sopro vital de Oxalá foi o último ato do primeiro momento existencial.
Por fim, no nosso retorno, o Orum e os que partiram com a certeza do cumprimento das suas obrigações na Terra, no Aiyê, agradecem pelo reencontro das suas energias com o todo, com o universo ao tempo em que também mantém parte das suas individualidades.
Os Orixás e os ancestrais fazem uma grande festa, um grande Xirê. O ciclo se completa e ao mesmo tempo se reinicia visando sempre o reequilíbrio das energias do universo.
Assim seguimos desde tempos imemoriais e por séculos e séculos.
A benção Mãe Stella porque sei que se foi e, ainda assim, continua aqui a cuidar de todos nós.
Ainda seguiremos aprendendo muito com a senhora.
Adupé! Obrigado!
Marcos Rezende - Ogan de Ewá do Ilê Axé Oxumarê, membro do Coletivo de Entidades Negras/CEN