O olho esquerdo. Por Claudio Guedes |
Qua, 02 de Janeiro de 2019 00:31 |
Hoje começa o governo de Jair Bolsonaro. Eleito em um processo tumultuado, onde circunstâncias e fatores extra-eleitorais comandaram o pleito, o governante é um político medíocre e de passado execrável. Fará um bom governo? Suas possibilidades são mínimas, escassas. Despreparado, comandando - ou sendo comandado por - um exército de oportunistas e vigaristas, com poucos subordinados diretos com algum talento, só um milagre poderá levar o seu governo a algum tipo de êxito. Mas isso não quer dizer que JB e sua base concreta de apoiadores, somados a uma maioria fluida que ele poderá conquistar, num primeiro momento, com medidas populistas e agressivas, invocando o sempre útil e profícuo discurso do nacionalismo, da segurança e da fé, não darão muito trabalho. A esquerda e seus aliados de centro-esquerda somados aos democratas progressistas perderam a disputa política no país não apenas pelas manobras dos seus adversários e pelo linchamento contínuo e eficiente dos seus líderes pela mídia hegemônica conservadora. Esta é apenas parte da verdade. Perdemos a capacidade de empolgar as pessoas porque, apesar de Lula e Dilma, em doze anos, terem feitos governos com saldo positivo quanto a políticas públicas distributivistas e quanto ao respeito à democracia, fomos tímidos, conservadores e “pequenos” nas proposições quanto às reformas do estado, do sistema político, da mídia e da vida cultural do país. É isso sem falar no maior dos erros cometidos pelos governos liderados pelo PT em imaginar que seria possível manter a hegemonia política com base num sistema de financiamento de partidos & eleições corrompido, tal qual foi estabelecido no país a partir da “compra” por FHC do seu segundo mandato e reproduzido e ampliado na sequência por PMDB, PP, PSDB e PT. Ser oposição ao governo de JB não poderá significar apenas denunciar as truculências, a estupidez e os retrocessos que deverão dar o tom de suas ações. Isso será necessário, mas é muito pouco. Ser oposição consequente significará retomar a luta pela hegemonia na sociedade, no campo das ideias e das proposições que, aliadas às demandas efetivas da sociedade brasileiras do momento atual - por segurança, emprego, saúde pública -, apontem para um futuro de progresso e bem estar para a maioria da população. O embate com Bolsonaro & seguidores será travado no campo econômico-social nas disputas entre os liberais do “mercado” e o mundo do trabalho, por ganhos reais, cada qual puxando-os para o seu lado, e também, e sobretudo, no campo das ideias. Os grandes embates se darão nos setores da educação e da cultura. E aqui teremos que nos despirmos da arrogância e da soberba que têm, infelizmente, nos acompanhado nos últimos anos, para travarmos o bom combate, no cotidiano, de convencimento de corações e mentes. Precisamos demonstrar que temos as melhores propostas para o país. Precisamos voltar a convencer as pessoas que a liberdade, a fraternidade e a igualdade social são a base da construção de uma nação próspera e soberana. Frescor nas ideias e olhos abertos, precisamos neste 2019 que ora começa. O olho esquerdo, principalmente, é claro. Claudio Guedes é empresário |
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