E, agora, a notícia que causará um impacto brutal à imagem do Brasil perante o mundo civilizado: a desistência do deputado federal eleito, pela terceira vez consecutiva, Jean Wyllys, ao mandato e à residência no país. O deputado vem sendo ameaçado de morte pelas milícias há muitos anos, as mesmas milícias e grupos de assassinos cariocas ligados à família do presidente eleito. Vivia sob proteção policial, andando em autos blindados e com locomoção limitada. Cansou de viver ameaçado e com a liberdade podada.

Deixo logo claro: sou completamente solidário e apoio a decisão de Jean Wyllys. O país está, momentaneamente, perdido e o Rio de Janeiro continua entregue a dirigentes incapazes e boçais. A morte de Jean provavelmente já teria sido decidida e em algum momento ele seria vítima de um atentado. Marielle Franco, socióloga, ativista feminista e vereadora carioca foi brutalmente assassinada e seus algozes continuam, 10 meses após, soltos ou, se presos estão, ainda não foram acusados pelo assassinato. O quadro no RJ é assustador. A preservação da vida é um direito do qual ninguém deve abrir mão.

A verdade é que o país desandou.

O buraco é maior do que qualquer um poderia esperar, mesmo no cenário mais pessimista. Os setores intelectualizados, a alta classe média e a elite riquíssima que apoiaram Jair Bolsonaro devem estar apavorados. Se ainda não estão, vão ficar em muito breve.

Este quadro de desagregação não comporta vencedores. Não será apenas o "verniz" que as elites inconsequentes e oportunistas irão perder. O Brasil está indo para o beleléu e elas irão junto.

Claudio Guedes é empresário