Política e derrota. Por Claudio Guedes |
Dom, 03 de Fevereiro de 2019 18:24 |
Na política, como na vida, derrotas são inevitáveis. Ninguém, nenhum partido, nenhuma força politica, em regimes democráticos - mesmo que sejam democracias com alto grau de imperfeição -, conquista vitória eterna. Há a fadiga no poder, os erros cometidos no duro exercício do mandato e o crescimento da oposição que, apenas por existir, é sempre uma alternativa de poder. A derrota não deve assustar ninguém que enxergue a política como uma atividade de construção do mundo, como parte do processo civilizatório, que não é linear e, pelo contrário, está sujeito a marchas e contra-marchas. Após uma derrota, o que fazer? Primeiro, não se desesperar. Segundo, estudar. Terceiro, continuar a lutar. Não se desesperar é fundamental. Estudar é bom. Ninguém perde algo estudando, buscando compreender as razões da derrota. Estudar é um jogo de ganha-ganha. Mas o mais importante, após uma derrota, é continuar lutando. Quem perde lutando, quem continua na luta após perder, tem todas as condições de reconquistar vitórias. Capitular, buscando acordo espúrio com vencedores - que representam visões antagônicas de mundo e de sociedade -, é opção mequetrefe, não é alternativa admissível. Democratas honestos, liberais verdadeiros, pessoas de centro-esquerda ou de esquerda, todos que entendem a democracia com um valor universal, como um valor inegociável, todos que não aceitam o racismo, o preconceito, a discriminação e a perseguição de minorias, todos esses têm razões de sobra para estarem na oposição ao atual governo. Oposição. Marcação cerrada, crítica dura, contrapor alternativas às propostas do governo, é o papel da oposição. Essa história de "torcer" a favor é coisa de adesista. Na política você é situação ou é oposição. O governo Jair Bolsonaro possui fragilidades evidentes, cabe a oposição explorá-las. E derrotá-lo, nos marcos da democracia, nos embates nas instâncias sociais, no parlamento e nas próximas eleições. O objetivo é substituí-lo por um governo com compromissos claros com a democracia, que se empenhe com políticas públicas distributivistas da renda nacional e que se engaje na preservação e ampliação das liberdades e dos direitos civis. É uma boa agenda mínima. De oposição. |
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