É proibido matar a rosa. Por Zuggi Almeida |
Qui, 04 de Abril de 2019 07:20 |
O escritor italiano Umberto Eco lançou em 1980, o romance ' O Nome da Rosa' tornando-se mundialmente conhecido. A obra toma como referência a Igreja Católica e o uso e a prática dos dogmas cristãos, no ano de 1327, período da Alta Idade Média.
A trama é desenvolvida por conta das investigações realizadas por um monge franciscano sobre o motivo de várias mortes ocorridas num mosteiro beneditino, na Itália, onde as vítimas sempre aparecem com os dedos e as línguas roxos. Pois é, o veneno foi um dos artifícios usados na ficção de Eco para figurar como a Igreja Católica se livrava dos seus antagonistas. Século XXI.Paróquia Militar de São Miguel Arcanjo e Santo Expedito,Brasília, noite de 31 de março de 2019.O bispo católico dom José Batista Falcão em missa celebrada em memória ao Golpe Militar de 64 citou a canção 'É Proibido Proibir' do cantor e compositor Caetano Veloso afirmando que gostaria de dar veneno de rato ao artista. A canção de Caetano está além da ínfima capacidade de decodificação de Dom José Falcão. Não tem como assimilar a ousadia de Caetano Veloso propor transmutar-se em Deus e nele retornar. Santa heresia Portanto, é impossível matar 'a rosa” Vossa Reverendíssima,não vai entender nada ! Caetano deve estar rindo à toa. Mas, Dom José estava ali para celebrar uma missa pela Ditadura Militar diante de um público onde se encontravam três generais e a viúva do coronel Brilhante Ustra,militar acusado pelos grupos de defesa dos Direitos Humanos, de ter sido um dos maiores torturadores daquele período. A condição de Bispo Auxiliar do Ordinariado Militar do Brasil lhe faculta o direito de realizar celebrações católicas para a tropa, no entanto, revenciar a tortura de cidadãos vai de encontro aos princípios da cristandade. Um padre querer matar alguém e externar esse sentimento durante um ato litúrgico ultrapassa a ficção das páginas de uma obra literária para figurar num B.O. de delegacia de bairro. Os monges beneditinos da Idade Média eram mais discretos quando se tratava de resolver diferenças. Cruz Credo. * zuggi almeida é escritor e roteirista baiano. |
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