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A mala da indignação. Por Zuggi Almeida
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Ter, 10 de Setembro de 2019 02:01

Zuggi_AlmeidaO #partiuexpressobrasil iniciou a viagem rumo ao desconhecido no dia primeiro de janeiro desse ano. A bordo estão passageiros que compraram bilhete para qualquer lugar no mapa onde poderiam encontrar as mudanças que foram prometidas, segundos os prospectos da viagem.
Ao embarcar parte dos passageiros,logo percebeu que tinham adquiridos bilhetes com direito à viajar na primeira classe e esses aposentos já estavam ocupados pelos familiares e amigos do chefe do trem. Na plataforma de embarque ficaram aqueles que não tinham condições de bancar aquela viagem e foram se despedir dos privilegiados que seguiam para um lugar onde o futuro não existe.Estavam sedados pela ideia de mergulhar numa experiência nova sendo levados por um condutor que eles não sabiam se era capaz de manobrarr a locomotiva.

O embarque foi confuso e apressado e muitas malas foram abandonadas ainda no pátio da estação. Esquecidas ficaram as malas contendo a Ética, a que guardava o Bom Senso, outra com a Coerência,a da Criatividade e uma que guardava o Respeito. São malas que armazenam volumes importantes e exigem boa dose de esforço, dedicação tanto na utilização quanto no transporte. Optou-se por levar maletas de mão e necessáires que são bem mais leves e de fácil translado. Esse tipo de compartimento pode conduzir coisas menores e as vezes com conteúdos não abonadores como Indiferênça, Contradição, Irreponsabilidade,Proprina e até Suborno, por exemplo.

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Como gado para o abate, as pessoas embarcaram no trem fantasma.
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“ Os fantasmas extropiados como que iam dançando,de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastadado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam para onde iam (…) Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada Mais” .

- A Bagaceira /José Américo de Almeida
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Assim, o trem partiu e nos primeiros quilômetros foram surgindo outras insatisfações e os serviços de bordo não eram condizentes com o conforto e a segurança prometidos pelos agentes de viagens.
Alguns incomodados pensaram em desembarcar com o trem em movimento, era algo arriscado e impossível. A primeira parada poderia está a muitos quilômetros à frente. Era uma viagem sem roteiro nem tempo estabelecido para duração.
O trem para o inesperado mergulhou no primeiro túnel e as luzes internas não foram acesas . O pânico apresentou seu cartão de visitas, naquele momento. O medo passou a ser um acompanhante indesejado naquela máquina. A locomotiva seguia célere sem dar nenhum sinal que faria um transbordo.

Apenas ia.

Um buraco interminável numa longa e tenebrosa noite.

Alguém procurou encontrar naquele ermo a mala da Precaução e acabou abrindo a que escondia a Surpresa. Tentou abrir a mala com a Sensatez e derrubou o todo o conteúdo da mala da Alienação no corredor do vagão.

O caos se fez presente quando numa curva mais acentuada desabou sobre as cabeças dos viajantes mala cheia de Ódio, outra com a Intransigência e uma portando a Intolerância e mais uma que levava a Violência. Dentre as malas que não foram embarcadas estava a das Alternativas.

Ninguém imaginou levar a mala com Soluções e a mais útil de todas, a das Propostas.

E o trem seguia alucinado movido por gritos , choros e lamúrias, essas coisas eram superadas pelo ranger das rodas da máquina sobre o ferro da estrada.

Uma voz ecoou no meio do desepero e clamou:

- Alguém precisa por favor falar com chefe desse trem para saber pra que lugar está nos levando!
- Sem respostas !

Hoje o trem continua mergulhado num túnel infinito e segue devorando trilhos como um dragão desorientado no meio da noite fantasmagórica. A bordo, passageiros perderam a capacidade de ver, de ouvir e de protestar.

Lá atrás, em algum canto da estação foi deixada a mala com a Indignação.

*por zuggi almeida é baiano, escritor e roteirista.

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