Qual vai ser a cor do próximo suicídio. Por Zuggi Almneida |
Ter, 01 de Outubro de 2019 01:18 |
O amarelo da campanha começa a desbotar-se e perder o tom do socorro. Ações de marketing criando uma aquarela para sinalizar atos sociais que nadam na superfície dos problemas apenas favorecem aos especialistas de plantão e a mídia oportunista.O amarelo das análises dos atentados contra a a própria vida não se aproxima de uma cor que apresenta o maior número de casos fatais.
O suicídio tem uma cor e ela é preta. A saúde mental da população negra jamais é abordada nos congressos, seminários, ambientes de estudos ou nas sintéticas bancadas televisivas. A história escrita por mãos brancas titulou esse nível de depressão profunda como banzo, a ponto de romantizar e transformar em folhetim exibido na Tv Tupi, na década de 60. A revolta levava a greve de fome e a morte por inanição ou a qualquer descúido dos traficantes de pessoas atirar-se nas águas profundas do oceano na busca por uma morte digna. Essa era algumas das saídas procuradas pelos escravizados para fugir do cativeiro. Como discutir-se em propensão suicida sem abordar condições de vida, ausência de moradia, falta de atendimento à saúde e saneamento,escola, desemprego, alcoolismo, uso de drogas, violência policial e a consequente falta de perspectativa de vida. O Brasil possui mais 11 milhões de cidadãos fora do mercado de trabalho , isso somados aos mais de 35 milhões atuando na informalidade. A população negra contribui de forma involutária nesses índices negativos que atestam um modelo politico racista e de exclusão social. Quantos setembros teremos que enfrentar até fazer a sociedade entender que se o suicidio tem uma cor, ela não é amarela. zuggi almeida é baiano, escritor e roteirista. |
Última atualização em Seg, 07 de Outubro de 2019 05:44 |
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