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Devolvam meu carnaval. Por Zuggi Almeida
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Sáb, 15 de Fevereiro de 2020 03:27
Zuggi_Almeida2Quem disse que o carnaval de Salvador está em crise ? Em crise, sim, estão as organizações carnavalescas ou os chamados grandes blocos de trio, inclusive aqueles que desfilam no circuito da Barra / Ondina.
Como instituições com fins lucrativos, essas empresas estão submetidas às regras de mercado com lucros e perdas e como o restante das associações do país também foram afetadas pela grave crise financeira que atinge o Brasil.
Os desatinos realizados no comando da economia nacional mexeu de forma dura no bolso da classe média e justo nesse extrato social está a clientela de blocos, camarotes e outros produtos oferecidos para o carnaval pretensamente sofisticado.
A festa passou a ser pensada e direcionada apenas para turistas.
As sociedades da folia produziram um processo autofágico, pois não satisfeitas com os lucros exorbitantes obtidos com o bloco tradicional criaram as suas filiais, - os blocos alternativos,- e na extensão instalaram os camarotes faraônicos ao longo do circúito.
Todo esse investimento era captado através de associação com os grandes patrocinadores, vendas de abadás ( apenas uma camiseta) e o acesso ao espaço privado do camarote.
Muita oferta para uma demanda cada vez mais reduzida por conta dos preços exorbitantes cobrados para um folião brincar num bloco, acessar um camarote, além de hospedar-se em Salvador durante o período carnavalesco.
Some-se aí, o crescimento da folia de rua nos grandes centros urbanos como o Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte., além de Recife. Ficou mais barato divertir-se nesse locais onde a maioria dos blocos são franquedos para os foliões, os serviços e preços são diversificados, além de possuir seus atrativos próprios.
Esses mercados passam a ser concorrentes fortíssimos na corrida para conseguir um patrocinador, mesmo porque a concentração maior do PIB termina falando mais alto.
A grita dos blocos de trio ecoa nos ouvidos do poder público que decide arcar com os custos do desfile sob o argumento que essas grandes atrações irão se apresentar para o público em blocos sem cordas socializando a festa.
Muito pelo contrário, ao retirar as cordas o bloco não precisa investir em fantasia, pagar a banda e o trio, além do pessoal de apoio.da segurança e outros fornecedores.
Detalhe: nesse momento o carnaval passa ser estatizado e a verba pública cobre as obrigações de uma empresa privada que passa por dificuldades financeiras, mas que no final vai obter lucros. Os cachês continuam os mesmos e até corrigidos, como se não houvesse necessidade de ajuste ao momento da economia.
Por outro lado, as organizações carnavalescas populares que fazem a festa para o povo ( o sentido verdadeiro do carnaval) agonizam com o píres na mão atrás das verbas oficiais cada vez mais reduzidas.
Bloco afros tradicionais que há décadas veem colaborando com a riqueza cultural do Carnaval de Salvador enfrentaram um verdadeiro processo inquisitorial para desfilar na festa desss ano corrente. Ilê Aiyê, Olodum, Malê e Bankoma foram algumas das entidades que enfrentaram os rigores das exigências de um edital qualificativo.
Por outro lado bem mais favorável, artistas como Bel Marques, Ivete Sangalo, Saulo e Anitta para citar alguns dos privilegiados são dispensados da seleção e contratados com valores duplicados em relação à verba destinada aos afros.
O carnaval na Barra / Ondina pode até acabar, pois na realidade nunca começou. Houve, sim uma tentativa de elitização da folia propondo uma assepsia onde os pretos (as) e pobres são utilizados para dar segurança nas cordas ou nas entradas dos camarotes vips, atuar na limpeza desses espaços, comercializar bebidas nos isopores, isso quando não estão catando latinhas.
O povo alegre e feliz de Salvador deve ser tratado como o real cliente da Festa de Momo - que por sinal perdeu o cargo mesmo sem sofrer um impeachment. A praça continua sendo do povo, como o céu é do avião, mas tem muita gente sem graça brincando num salão de camarote.
Sendo o carnaval uma manifestção expontânea, abstrata e imaterial é impossível tentar vender felicidade, nem tirar da minha cara o riso sacana do palhaço que visto.
Portanto, devolvam meu carnaval e aos executivos da folia apenas um recadinho sábio e popular:
" Quem pariu Mateus que balance!"
Zuggi Almeida é baiano, escritor, roteirista e não brinca, mas leva o Carnaval a sério.

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  • mariofoto1_MSF20240112-0987Beleza Negra do ilê. Alb 1. 13.01.24 By Mario Sérgio
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