Cidadania em tempos de crise. Por Juca Ferreira |
Qua, 25 de Março de 2020 06:16 |
O governo do Estado da Bahia vem tomando as medidas necessárias no seu âmbito para fazer frente à crise sanitária e, por incrível que pareça, tendo ao mesmo tempo que enfrentar a insanidade e o despreparo do presidente para defender a nossa população dos impactos da pandemia. O governador Rui Costa merece todo nosso apoio nesse esforço de reduzir o impacto e os danos da pandemia no Estado da Bahia e merece elogios por ter, diante das questões econômicas, sociais e políticas, ter dado prioridade para a redução dos impactos sobre as pessoas. A crise atual tem muitas dimensões, para além da crise sanitária. A situação é muito grave e tende a piorar. A pandemia chega ao país em um momento que temos uma crise economica já com caracteristicas de recessão. O que significa mais desemprego, mais fome, mais miséria, mais falencia de empresas etc... Temos também uma crise política; estamos como uma nau sem rumo, com um insano despreparado à frente do governo federal que tem se dedicado a destruir o Estado, os direitos sociais, o que temos de proteção social e as estruturas e políticas públicas. Essa combinação de crises está agravando a vulnerabilidade do país diante dessa pandemia. Para o enfrentamento ao coronavírus vai ser necessário construir um grande movimento a partir da sociedade e que seja integrada com as iniciativas do governo, inclusive com a prefeitura -sempre que for possível- e todos podem ter uma postura proativa importante para contribuir no enfrentamento da crise sanitária. Precisamos cerrar fileiras, mesmo dentro de casa, defender nossa cidade e nosso País e contribuir para minorar o impacto sobre as pessoas, principalmente sobre os mais pobres, por serem os mais vulneráveis. As medidas gerais de combate ao virus como a quarentena e o isolamento doméstico, por exemplo, não tem a mesma eficácia nas favelas e bairros populares. As ruas e vielas e as moradias na sua maioria são precárias, sem ventilação, pequenas com muitos moradores e sem condições de isolar alguém que tenha sido contaminado. Sem falar que boa parte dessas pessoas não podem parar de trabalhar. A não circulação de grande parte das pessoas que vivem nas nossas cidades e a interrupção de boa parte da vida urbana piora em muito as condições de vida dos mais pobres, que terão suas condições de vida pioradas e as dificuldades serão acrescidas de outras novas. O que fazer para sobreviver nos próximos meses durante a crise sanitária? Onde vão buscar os recursos? Estamos diante de uma situação muito grave! Precisamos enquanto partido estarmos juntos com nossa população, defender nossa cidade e nosso Estado e contribuir para minorar o impacto, principalmente sobre os mais pobres e mais vulneráveis. Precisaremos da contribuição de áreas técnicas e acadêmicas, movimentos sociais e lideranças sociais de várias naturezas, sindicais, religiosas, corporativas. Quarentena não é o mesmo que prisão domiciliar. A recomendação da área médica é o isolamento físico, ficar em casa para evitar a transmissão e o contágio do vírus. Muito pode ser feito à partir de casa, sem sair. Devemos ficar ligados, conectados, porque a gravidade da situação demanda o exercício da cidadania. Juca Ferreira, sociólogo, foi Ministro da Cultura nos governos Lula e Dilma. Secratário de Cultura de São Paulo (Gestão Haddad) e de Belo Horizonte. Foi ereador em Salvador e Secretário de Meio Ambiente. Atualmente disputa a indicação a candidato a prefeito pelo PT de Salvador. |
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