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Cara gente preta. Por Zuggi Almeida
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Qua, 11 de Novembro de 2020 06:04

Zuggi_Almeida2Minha cara gente preta! Nós quando vamos às compras na Feirinha do Japão, na Liberdade percebemos que a maioria das pessoas que circulam são parecidas ou melhor, boa parte delas são nossas conhecidas, como o dono do açougue, o vendedor de hortifruti, a tia da barraca de folhas ou aquele fornecedor de peixes e mariscos que atende nossa família há muitos anos.

O mesmo ocorre quando vamos à praia da Ribeira ou no pagode em Cajazeiras. Alí, está gente igual a nos mesmos em hábitos e costumes. Gente preta.Existe uma predominância da população negra que mora, trabalha e se diverte num ambiente sustentado por uma economia gerida por pequenos empresários negros e negras amparados numa teia social fruto da organização nos quilombos e nos terreiros de candomblé com extensão nas famílias atuais.Minha cara gente preta! Quando vamos num shopping na zona nobre de Salvador percebemos que boa parte das pessoas da nossa gente está nas portarias, na segurança,nos serviços gerais, em cozinhas ou são os poucos vendedores da nossa cor. A maioria dos clientes  e donos desses negócios  são empresários brancos ou as poderosas redes de lojas. O controle maior da economia sempre pertenceu a essa  gente branca.Do primeiro negro escravizado desembarcado em 1542 na Capitânia de Pernambuco até os dias atuais, a fortuna da elite branca brasileira foi sendo acumulada através da força do trabalho de negros e negras. Além do dinheiro, eles detém o controle do poder político ( caso dos cargos e a da burocracia) e privam do  acesso à educação de qualidade. Lembrem-se que uma criança branca e rica quando nasce já tem ao seu dispor uma babá, uma cozinheira, ao crescer possui um motorista pra conduzi-la para a escola onde estuda  sem dificuldades, concluindo o ensino e posterior formação acadêmica vai ocupar os cargos importantes nas presidências e diretorias das empresas privadas ou na política. Nossos filhos e netos enfrentam a educação como um grande desafio e quando chegam até a universidade faz parte da minoria racial nas salas de aula. As dificuldades superadas fazem parte do currículo de sobrevivência do povo negro. Solidariedade e criatividade podem ser anexadas a essa formação de vida. A cidade de Salvador, não obstante, a predominância de sua  população negra ser considerada a maior fora do continente africano é tomada como referência na luta racial no Brasil. Somos o maior contingente eleitoral da cidade com predominância do voto feminino negro.O orgulho negro que exibimos nos desfiles dos blocos afros, ou quando uma negra ‘causa’ com seu turbante vistoso ou o negão da periferia exibe o título de doutor recém-formado deveria estar espelhado nos votos em candidatos parecidos e comprometidos com a gente preta.Então decidi fazer certas perguntas  a minha gente preta,no seguinte:- Nós que ao longo dos tempos desenvolvemos a capacidade de administrar nossos negócios e nossas famílias - muitas delas chefiadas por mulheres negras; não temos capacidade de definir o nosso futuro?- Será que não temos quadros políticos negros e negras capazes de representar nossos interesses na administração municipal ou na Câmara dos vereadores?- Será que em todas as eleições teremos que estabelecer a tutela das nossas vidas à candidaturas que representam a elite branca que nos explora há séculos ?
Portanto, minha cara gente preta! Estamos vivenciando um momento que as nossa vozes reverberam por todos os lados por justiça, respeito e lugar de direito no espaço político e social. Exemplos recentes demonstram o poder da força política do voto negro.  Então, façamos muito bem essa história.Os milhões da conta bancária do empresário branco numa urna eleitoral  é configurado apenas num voto com valor igual ao seu. Mas, se decidimos colocar todos os nossos votos em candidaturas negras, aí, minha cara gente preta,o nosso patrimônio político é bem maior.
Faça a coisa certa dia 15 de novembro.Dia 20 será a nossa resenha.
Zuggi Almeida é baiano, escritor e roteirista.

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