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A celebração da morte. Por Zuggi Almeida
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Ter, 17 de Novembro de 2020 05:43

Zuggi_Almeida_2A noite do domingo passado foi de celebração nos bairros periféricos de Salvador. Aliás, uma mega festa que se estendeu até a madrugada da segunda-feira.
Uma multidão formada por gente negra e pobre tomou as praças e ruas para comemorar o encerramento das eleições e a vitória de um candidato que nasceu, cresceu e mora na zona nobre da cidade, assim como seus correligionários que irão ocupar a maioria das cadeiras na Casa do Povo, denominada  Câmara de Vereadores.
A casa grande ganha e a senzala dança.

Dessa forma interpreto a comemoração pelo êxito de um processo de denominação secular com capacidade de fazer crer que miséria é condição hereditária e riqueza, um privilégio adquirido por uma minoria branca. Isso ocorre diante da maior população negra concentrada num território fora do continente africano.
As eleições brasileiras realizadas em condições atípicas e bastante riscos serviu de imensa cortina para acobertar a expansão na segunda onda da crise sanitária provocada pelo coronavírus. O crescimento alarmante dos números da pandemia foram incentivados pelas quebras nas medidas da prevenção ( uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento seguro), nas aglomerações pré-eleitorais e bailes ou ‘paredões’ nos bairros populares, na noite desse domingo.
Qual o maior publico presente nesses eventos ?  Negros e negras pobres.
Qual  raça aparece liderando os números de mortes provocados pelo coronavírus? Negra.

A falsa sensação de normalidade apenas colabora para o controle populacional  na redução da pobreza por meios biológicos. Isso pode ser uma decisão de Estado reafirmada no comportamento negacionista do atual ocupante na presidência da República. Aos representantes do controle da economia reflete-se na redução dos custos trabalhistas, ao Estado,  menores obrigações previdenciárias.
À população negra cabe o papel de enterrar seus mortos em caixões lacrados com  cerimônias fúnebres tendo o mínimo de familiares e amigos presentes. Nas praças, as multidões fervilham à noite.
O vírus foi classificado como inerente aos ricos quando os primeiros casos surgiram no Brasil. Nesse segmento social, o coronavírus passou a sofrer um controle mais seguro por conta da possibilidade do isolamento social e facilidade de acessos a serviços de saúde qualificados, sendo então menores os casos fatais. Hoje, o país já ultrapassou mais de 5.800.000 casos de contágios com 166.067 mortes, sendo que o Brasil ocupa o terceiro lugar em números de casos globais. Negros, pardos periféricos são a maioria dessas mortes na população brasileira.

Enquanto isso, as elites comemoram as vitórias políticas com água, sabão e vinhos de boa qualidade, na segurança das mansões onde habitam.

Triste Bahia.

Zuggi Almeida é baiano, escritor e roteirista.

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