Os números dos pleitos de 2020 - primeiro e segundo turno - estão disponíveis e todos que se interessam por política podem tirar as conclusões que quiserem. Pensar, especular, conjecturar e fantasiar são ótimos exercícios e sou contra qualquer cerceamento da liberdade de ousar.
Vale tudo. O que acho? A extrema-direita que obteve êxitos importantes em 2018 foi implacavelmente derrotada. No Rio de Janeiro seu candidato sofreu acachapante derrota. Em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre sequer foram ao segundo turno. A esquerda e centro-esquerda, depois do linchamento comandado pela aliança não-republicana entre a mídia hegemônica e setores do sistema de justiça [Ministério Público e Justiça Federal], sobreviveu. As votações de candidatos da esquerda e centro-esquerda que foram ao segundo turno em São Paulo, Recife e Porto Alegre foram acima dos 40% dos votos válidos. Um ótimo desempenho, principalmente se observarmos que dois desses candidatos eram dos minúsculos PC do B e do PSOL. Ou seja, uma parte considerável da população dessas importantes cidades entendeu que eles representavam uma frente ampla da esquerda e centro-esquerda. Por isso o desempenho marcante que lograram. Os partidos de direita e centro-direita, em particular o DEM e o PP, obtiveram ganhos expressivos, não só nas grandes cidades mas em muitas médias cidades. O PSDB, apesar da perda de muitas cidades importantes, permanece como um partido aglutinador de votos e apoios e manteve o controle de São Paulo, a metrópole líder do país. Em resumo: a extrema-direita bolsonarista foi derrotada, a esquerda sobreviveu e a centro-direita tradicional e patrimonialista (DEM, PP, PMDB e PSDB) foi a grande vitoriosa. O que isto significa? Em uma linha: o jogo está aberto para 2022. Bolsonaro capengando, Rodrigo Maia, ACM Neto e João Doria em alta e a esquerda (PSOL) e a centro-esquerda (PT, PSB, PDT, PC do B) sobreviveram e possuem o v-zero suficiente para um expressivo ressurgimento. Será possível este ressurgimento ou é apenas um "devaneio da vontade" do escrevinhador? Acho que é possível e vitórias podem acontecer tanto no pleito presidencial (ainda que difícil), como para governadores e senadores nos grandes colégios eleitorais. Como? É só seguir a fórmula testada. Quando houver condições de candidaturas individuais expressivas da esquerda e centro-esquerda deixamos o jogo correr e as urnas escolhem um para o segundo turno [como aconteceu em São Paulo]. Quando a análise objetiva demonstrar que a aliança prévia é necessária [como no caso de Porto Alegre], escolhe-se o candidato que possui melhor condição de disputar o segundo turno. Mas, fundamental, em qualquer circunstância, é deixar claro que a frente ampla de esquerda é o objetivo comum, se não no primeiro turno, pelo menos no segundo [Paris deve ficar para a primavera, que ademais é sempre a melhor época na cidade-luz ????]. Pessimistas de plantão: vamos trabalhar! Lideranças petistas derrotadas - em particular o governador da Bahia, Rui Costa, derrotado em Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista (as três maiores cidades do estado) - abandonem a soberba, os governos de imitação da centro-direita com foco em obras urbanas, ataquem a desigualdade social e tratem bem o funcionalismo público. E em São Paulo e Rio de Janeiro, em particular, busquem a renovação - quadros jovens e aguerridos. Estamos no jogo! |