A chegada da pandemia do coronavírus alterou as projeções econômicas para o ano de 2020. Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), realizado no mês de janeiro, os investimentos mais cobiçados —?à época?—?eram “bares ou restaurantes”, “mercado da beleza”, “serviços automotivos”, “serviço de entrega rápida” (delivery) e “lojas virtuais”.

Entre as cinco categorias, apenas duas superaqueceram durante a crise: e-commerce (estabelecimentos virtuais) e delivery. Com a maior alta registrada em 20 anos, o e-commerce cresceu 47% apenas no primeiro semestre de 2020, segundo dados da 42ª edição do ‘Webshoppers’, elaborado pela Ebit|Nielsen em parceria com a “Elo”. Já o setor de delivery obteve uma alta de 94% no período de pandemia, conforme pesquisa da startup “Mobills”.

“Investir é sempre arriscado. Já era antes da pandemia, e ainda mais difícil nesse cenário. O mercado está sempre oscilando, portanto, as projeções do início do ano já não são as mesmas de agora. Para determinar os investimentos mais rentáveis no mercado, é preciso levar em consideração o momento histórico e suas nuances, avaliando sempre a oferta e demanda de cada serviço na sociedade”, afirma o atual CEO da “Zero4Motors”, André Novais (37).

Diretor executivo da revendedora de carros de luxo, o empresário baiano afirma que os investimentos atuais não podem ser avaliados a curto prazo, tendo em vista as transformações mercadológicas que podem se seguir. Em virtude disso, André destaca os setores de tecnologia, saúde, comunicação, entretenimento e web/marketing digital como os mais cobiçados pelos novos investidores.

“Ao meu ver, a pandemia acelerou alguns setores da economia que já vinham de boas expectativas. Entre todos, o avanço tecnológico é indiscutível, sendo sempre uma boa opção para investir. O entretenimento, somado à web, vem proporcionando uma maneira cada vez mais sólida de consumir conteúdo. Já a área de comunicação, aliada ao marketing digital, vem se tornando indispensável para as novas empresas que estão surgindo. A “saúde”, embora posta em evidência pela pandemia, ainda é um modelo de negócio atemporal. Todos esses setores vêm construindo uma base sólida não só para a reta final de 2020, mas também para os próximos anos”, explica.

Segundo André, mesmo diante das novas projeções no mercado, o novo perfil do empreendedor exige uma análise minuciosa do setor investido, sem se deixar levar pelo momento oportuno, visando o comércio a longo prazo.

“Alguns negócios são passageiros, portanto, quem quer empreender na reta final de 2020 não pode avaliar um negócio no calor da emoção ou no momento que o vento está a favor. Um exemplo dessa situação são as ‘lives’ que estouraram na quarentena, mas hoje já perderam a força. Por isso a necessidade de escolher setores mais sólidos para se investir, em vez dos que se destacam pelo momento”, elucida o administrador.

Para o empresário de luxo, a crise desesperou os investidores, levando a dissolução de negócios promissores. André afirma que momentos de crise devem ser meticulosamente analisados, evitando que o empreendedor caia em falsos direcionamentos.

“Pense sempre à frente. O que vai ficar da pandemia? Qual o aprendizado? As pessoas irão ficar mais dentro de casas? Quais serviços posso oferecer para eles? Alie esses questionamentos às tendências concretas do mercado e terá um negócio rentável para os próximos anos”, conclui.

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