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A Barquinha da Enseada, festa feita para a Dona das Águas, vira tema de livro
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Sáb, 03 de Abril de 2021 16:34
A_Barquinha_da_EnseadaDia 08 de abril, acontece o lançamento do livro “Maragojipe e as Águas Encantadas”, de Magnair Santos Barbosa, historiadora, pedagoga, especialista em História e Cultura Baiana, com prefácio do Prof. Dr. Milton Moura e, na contracapa, texto do Prof. Dr. Vilson Caetano de Sousa Jr, às 19h30, no youtube O Som de Lugar e o Mundo. O bate-papo virtual vai contar também com a participação de Aninha (Adeilza, do Quilombo), representante da Barquinha do quilombo Enseada do Paraguaçu.
A obra, realizada em parceria com a editora Cavalo Marinho, será lançada em duas versões: e-Book e impresso. Parte da publicação impressa será doada para Prefeitura de Maragojipe, que promoverá a distribuição junto a escolas públicas, entidades e agentes culturais da cidade; alguns exemplares disponibilizados para as dez comunidades quilombolas da região e para a comunidade quilombola Enseada do Paraguaçu. A outra parte será comercializada pela autora, com informações no perfil do Instagram da editora @cavalo_marinho_sociocultural.
O enredo apresenta os elementos simbólicos que compõem a festa da barquinha: indumentária, composição de cortejo, participantes diretos e indiretos, cânticos e lugares sagrados, possibilitando entender as motivações para realização da festividade e sua importância enquanto principal bem cultural da comunidade. Dá ênfase ao caráter religioso e simbólico da festa viabilizando a identificação de altares naturais presentes na Enseada, as práticas religiosas locais, e sua correlação com a festa da barquinha.
O livro revela, também, a relação afetiva da autora com a cidade de Maragojipe, berço dos seus antepassados, trazendo memórias forjadas nos longos períodos de estadia na região. Por isso, a produção foi escrita em primeira pessoa, o que dá fluidez à narrativa, deixando-a leve e numa linguagem de fácil compreensão.
Navegações festivas no Quilombo Enseada do Paraguaçu
O trabalho é fruto da dissertação de Magnair Santos Barbosa, através do Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia intitulada “Navegações festivas no Quilombo Enseada do Paraguaçu - Maragojipe, Bahia”, 2017.
Para a autora, a publicação foi a maneira que encontrou de realizar uma devolutiva da pesquisa realizada junto a comunidade e interlocutores do trabalho de maneira a deixar com eles esse legado impresso, um registro da vida deles, “o suporte físico possibilitará maior apreciação. Será ainda um meio de valorização da festividade e da localidade, seus saberes, fazeres e identidades. Também será uma forma de ampliar o conhecimento sobre Maragojipe, olhar através das frestas culturais e se deparar com outras festas não midiatizadas.”, afirma Magnair.
A Barquinha
Todo ano, na virada do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro, os moradores do Quilombo da Enseada do Paraguaçu arrumam um presente especial para “a Dona das Águas”, mesclando ritos do catolicismo, dos povos indígenas e de religiões de matrizes africanas. Mais do que uma festa, a manifestação cultural sela um compromisso em cuidar das águas, meio de subsistência da comunidade.
Cada morador na Enseada guarda um pedaço dessa história. São lendas vivas, que passam de geração a geração, esse legado de respeito ao lugar onde vivem e onde sobrevivem, uma tradição criada para comemorar e atrair fartura na mesa. E tudo isso, com muita música (marchinhas, samba de roda e espaço para o improviso), decoração com muitos arranjos e enfeites, para que o Ano Novo chegue com muita alegria e prosperidade.
Apesar da folia, o sagrado é realizado com muito respeito, afinal, pode cultuar com animação, sim, por que não? A arrumação do presente é organizada como numa orquestra, tudo funciona em harmonia, cada um com seu papel. A oferenda para as “Donas das Águas”, ou “mães d´água”, é arrumada com muito zelo e fé, para que elas recebam e continuem provendo, bem como cuidando de todos que vivem sob seus domínios – seja nas águas do mar, dos rios, da chuva, ela cuida dos peixes, dos pescadores, das marisqueiras. Mas, o segredo de onde é e o que lá acontece não é revelado... fica lá, apenas com quem vê e ouve.
A Barquinha é um barco feito de papelão, enfeitado com fitas e bandeirolas. Nela são colocados perfumes, sabonetes, flores... tudo isso vira presente para a força que cuida deles e, eles, cuidam dela. Na comunidade não existe desperdício. Nada de torneira pingando ou aberta sem necessidade, não jogam lixo nos rios, nem na praia, nem realizam qualquer prática de destruição da natureza, como queimar ou derrubar árvores.
Quando fica pronta, começa o cortejo e a festa ganha todo o povoado. Passa pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Enseada. Aqui, as pessoas saem da igreja já cantando e começam a parte mais animada, tocando, cantando e dançando de casa em casa, até chegar ao cais. E a entrega é feita. Soltam fogos do mar, para avisar que foi entregue. Soltam fotos da terra, para dar boas vindas ao ano que se inicia. E a música continua, dando o ritmo da alegria.
Para Magnair Barbosa, “o livro nasce, não apenas para preservar, também para perpetuar essa história viva. Nesse trabalho, busquei entender a relação existente entre os universos simbólico e religioso presentes na festa da barquinha do quilombo Enseada do Paraguaçu. Uma festividade para as águas, realizada na virada de cada ano há cerca de um século, direcionada aos encantes e encantados que moram nas águas desse território. Uma festa que persiste mesmo diante dos conflitos internos e externos, gerados pela instalação de um empreendimento naval na localidade, e que reafirma a identidade e espacialidade do grupo.”.
O projeto conta com apoio de O Som do Lugar e o Mundo, Grupo de pesquisa vinculado à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia.
"Maragojipe: seus cantos, encantos e encantados” tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (FPC), Programa Aldir Blanc Bahia, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
SERVIÇO
O que: Lançamento do livro “Maragojipe e as Águas Encantadas”, de Magnair Santos Barbosa, com prefácio de Milton Moura e texto da contracapa de Vilson Caetano, com a participação especial de Aninha (Adeilza, do Quilombo), representante do movimento da Barquinha do quilombo Enseada do Paraguaçu e Milton Moura.
Quando: 08 de abril, às 19h30
Onde: Canal do Youtube - O Som do Lugar e o Mundo

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