Além de imbecis, mentirosos por Eduardo Guimarães
O que me
estimula a acreditar que a estratégia política da imprensa, do PSDB e do PFL
contra o governo Lula não dará certo é um atributo dessa gente que Lula bem
definiu ontem (sexta-feira), segundo notícias que infestaram jornais,
telejornais, rádios, sites e blogs corporativos.
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
chamou nesta sexta-feira de imbecis e ignorantes aqueles que classificam o
Bolsa Família como um programa eleitoreiro ou assistencialista",
diz a Folha Online.
A mesma
notícia deu conta de que a afirmação de Lula foi feita "na cerimônia de formatura de turmas do Plano
Setorial de Qualificação e Inserção Profissional para o Bolsa Família, em Belo Horizonte".
Apesar
disso, o maior dos jornais impressos do mesmo grupo empresarial (Grupo Folha),
em consonância com praticamente todos os outros grandes jornais e telejornais,
diz, em editorial deste sábado, que o governo Lula "já demonstrou que essas contrapartidas educacionais [a tal
"porta de saída" do Bolsa Família que a direita tucana cobra] não constituem sua principal preocupação"
Como se não
bastasse a reverberação inconseqüente e mentirosa de que o Bolsa Família não
prevê contrapartidas que obriguem os beneficiários a estudarem ou a fazerem
cursos profissionalizantes de forma a, mais adiante, não precisarem do programa
social, outras mentiras são difundidas numa tentativa de conseguir agora, com
esse discurso surrado, o que jamais foi obtido em termos de desmoralização do
governo Lula.
O mesmo
editorial do jornal impresso do grupo empresarial de comunicação da família
Frias, num recorrente espasmo pavloviano que vitima essa corrente política,
volta à mais surrada das teorias da direita contra o principal programa social
do governo Lula, dizendo, de forma leviana, que "estudos já demonstraram a
correlação entre transferência de renda e resultados eleitorais"
Traduzindo a
insinuação: Lula só se reelegeu e se mantém popular devido ao Bolsa Família.
Sobre os
tais "estudos" que provariam que o programa social é que sustentaria a popularidade
de Lula e o apoio da sociedade ao seu governo, houve ligeira citação de um dado
isolado que pretendeu enganar o leitor.
O braço
jornalístico da oposição aludiu a estudo do pesquisador Maurício Canêdo
Pinheiro, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas),
que mostrou que "o programa Bolsa
Família foi responsável por um aumento de cerca de três pontos percentuais na
votação do presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2006"
Eu achava
que fosse bem maior a influência do programa social na aprovação de Lula e de
seu governo. Ora, se Lula venceu Geraldo Alckmin, em 2006, por 60,83% contra
39,17%, e se o peso do Bolsa Família em sua votação foi só de 3%, mesmo sem o
programa social ele teria dado a surra eleitoral que deu no tucano.
O mais grave
nessa afirmação estapafúrdia que infestou TODOS os grandes jornais e os
telejornais, além de várias outras mídias corporativas, é que existem dados
sólidos e irrefutáveis que mostram ser impossível afirmar que Lula deve sua
popularidade ao Bolsa Família.
Tomemos como
exemplo a
última sondagem do instituto de pesquisas desse grupo empresarial de
comunicação, o Datafolha, sobre a popularidade de Lula, que mostra como é
absurda essa teoria de que o presidente e seu governo se apóiam eleitoralmente
no Bolsa Família.
A pesquisa
foi divulgada em 1º de junho último. Vejam, abaixo, como ela mostrou que é
composta a popularidade presidencial.
Região do país
Sudeste –
apoio de 67%.
Norte e
Centro-Oeste – apoio de 71%
Sul – apoio
de 59%
Nordeste –
apoio de 77%
Regiões
metropolitanas – apoio de 67%
Interior –
apoio de 71%
Grau de instrução
Ensino
fundamental – apoio de 72%
Ensino Médio
– apoio de 67%
Ensino superior
– apoio de 64%
Nível de renda
Até 5
salários mínimos – apoio de 71%
De 5 a 10
salários mínimos – apoio de 67%
Acima de 10
salários mínimos – apoio de 51%
Perceberam?
O segmento em que Lula tem menor aprovação é entre os mais ricos, mas não entre
os mais instruídos. E, ainda assim, a maioria dos mais ricos também aprova o
presidente e seu governo.
Apesar dos
fatos, o âncora do Jornal da Band, Bóris Casoy, mentiu descaradamente aos
incautos que o assistiam na sexta-feira à noite dizendo que Lula só se mantém
popular graças ao Bolsa Família.
Como se vê,
esses que, a mando de José Serra e de FHC, vivem dizendo que o Bolsa Família
seria "esmola", não são apenas "imbecis", como diz Lula. São, também,
mentirosos compulsivos.