Aldeia Nagô
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Pistas práticas para cuidar da Terra (II) Por Leonardo Boff

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

No artigo anterior referimos pistas práticas que tinham a ver com a mudança da
mente ou do olhar. Agora importa considerar as mudanças das práticas da vida
cotidiana:


          Procure em tudo o caminho do diálogo e da
flexibilidade porque é ele que garante o ganha-ganha e é uma forma de diminuir
os conflitos e até poder resolvê-los.
       
 Valorize tudo o que vem da experiência, dando especial atenção aos que não são
ouvidos pela sociedade.

       
 Tenha sempre em mente que o ser humano é um ser contraditório, sapiente e ao
mesmo tempo demente; por isso seja critico e simultaneamente
compreensivo.
         Tome a sério o fato de que as virtualidades
cerebrais e espirituais do ser humano constituem um campo quase inexplorado. Por
isso sempre esteja aberto à irrupção do improvável, do inconcebível e do
surgimento de emergências.

        
 Por mais problemas que surjam, a democracia sem fim é sempre a melhor forma de
convivência e de superação de conflitos, democracia a ser vivida na família, a
comunidade, nas relações sociais e na organização do estado.
         
 Não queime lixo e outro rejeitos, pois eles fazem aumentar o aquecimento
global. Eles podem ser reciclados.

         
 Avise às pessoas adultas ou às autoridades quando souber de desmatamentos,
incêncios florestais, comércio de bromélias, plantas exóticas e de animais
silvestres.
          Ajude a manter um belo visual de sua casa, da
escola ou do local de trabalho, pois a beleza é parte da ecologia
integral.

           Anime a grupos para que no bairro se crie um
veículo de comunicação, uma folha ou um pequeno jornal, para debater questões
ambientais e sociais e acolher sugestões criativas.
        
 Fale com frequência em casa, com os amigos, com os moradores de seu prédio e na
rua sobre temas ambientais e de nossa responsabilidade pelo bem viver humano e
terrestre.

           Reduzir, reutilizar, reciclar, rearborizar,
rejeitar (a propaganda espalhafatosa), respeitar e se responsabilizar. Estes 7
erres (r) nos ajudam a sermos responsáveis face à escassez de bens naturais e
são formas de sequestar dióxido de carbono e outros gáses poluentes da
atmosfera.
           O Pe. Cícero Romão Batista, um dos ícones
religiosos do povo do Nordeste do Brasil, elaborou, no início do século XX, dez
preceitos de conteúdo ecológico:
         
 "Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau.
         
 -Não toque fogo  no roçado nem na caatinga.
        -Não cace mais e deixe
os bichos viverem.
        -Não crie o boi nem o bode soltos: faça cercados e
deixe o pasto descansar para que possa se refazer.

        -Não plante serra
acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra
para que a água não a arraste e para que não se perca a sua
riqueza.
        -Faça uma cisterna no canto de sua casa para guardar a água
da chuva.
        -Represe os riachos de cem em cem metros ainda que seja com
pedra solta.
        -Plante cada dia pelo menos pé de árvore até que o
sertão seja uma mata só.
        -Aprenda a tirar proveito das plantas da
caatinga.
    Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai se
acabando, o gado melhorando e o povo terá  o que comer.

    Mas, se não
obedecer, dentro de pouco tempo, o sertão todo vai virar um deserto
só".
    Estas práticas  nos dão a esperança de que as atuais dores não são
de morte mas de um novo nascimento. A vida triunfará.

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