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O derrotado maior. Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

“Essa porta [com Fernando Haddad] está enferrujada. E eu acho que a fechadura enguiçou. A população hoje, cada um, vota à vontade. O peso que os partidos têm hoje é relativo.”

Palavras de Fernando Henrique Cardoso, o FHC, sociólogo, duas vezes presidente da República.

Relativo mesmo é o peso do PSDB, partido do qual FHC é fundador e maior referência intelectual – não que isto tenha servido de grande coisa nos últimos anos.

O PSDB tinha nas pesquisas, antes das eleições de 7 de outubro, apenas 4% da preferência dos eleitores (contra 20% do PT). Seu candidato à presidente da República, ex-governador do maior e mais poderoso estado da federação, teve no 1° turno apenas 5,0 milhões de votos (num universo de 117,4 mi que foram votar). O PSDB, que foi a 3ª maior bancada eleita em 2014, caiu para 9º em 2018, perdendo quase a metade dos parlamentares. Nos estados a mesma situação, perdendo mais da metade dos representantes nas Assembléias Legislativas. Um desastre.

A porta de FHC com a democracia é que enferrujou. 
Não de agora, mas de muito.

O visconde decadente de Higienópolis dia sim, outro também, na imprensa, deu as “senhas” para a judicialização da política – pois o alvo era o PT -, apoiou a farsa do impeachment de Dilma Rousseff e fez coro com a mídia reacionária sobre a criminalização do PT.

Achou que isso abriria as portas do poder para os tucanos. Hehehe!

O intelectual hipócrita, pois sabia dos inúmeros envolvimentos do seu partido com empreiteiros nos esquemas de financiamento das eleições e da corrupção pessoal de inúmeras lideranças tucanas – Aécio Neves, o ex-presidente e presidenciável do partido, moleque e corrupto, é apenas a face visível da podridão tucana -, achou que o povo iria comprar seu discurso requentado e pseudo-sofisticado.

O povo bateu-lhe a porta na cara!

Abriu-a para um político truculento, misógino e incompetente, que “nada de braçada” no espaço forjado pelos tucanos e pela mídia que lhe é consorciada de demonização do PT e da política.

Questionado se hoje daria as mãos a Jair Bolsonaro, FHC desvencilhou-se, mas não fechou a porta: “Depende do que ele falar. Eu preciso ver o que ele vai dizer, fazer. Como eu posso estender a mão se a mão está no ar?”

A coisa mais gentil que o deputado Jair Bolsonaro disse de FHC, quando este era presidente da República, foi: “Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando 30 mil, e começando por FHC”.

FHC hoje fecha a porta para um democrata da qualidade de Fernando Haddad, um professor, mestre, doutor, da mesma USP que o projetou. Abre para o político violento que o ameaçou de morte.

Eis o retrato perfeito de um falso social-democrata, de um democrata de fachada, de um derrotado de nariz empinado.

Sua involução política será um “case” na história moderna da política brasileira.

Claudio Guedes é empresário.

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