É a nossa história. Por Walter Takemoto
Essa noite companheiras e companheiros choraram e parte não dormirá. É a dolorosa sensação de que perdemos uma batalha importante, que irá ter um duro impacto em nossas vidas.
Agora mesmo, estou vindo do HGE, onde uma jovem companheira do Coletivo Esquerda Unida foi atendida, Janaína Barata, após ser violentamente agredida por uma policial militar, quando tentava impedir que PMs continuassem a espancar um jovem que acompanhava a apuração no Rio Vermelho.
Não podemos ter ilusão que após a apuração tudo voltará ao normal. Isso não ocorrerá.
Mas precisamos saber, também, que ao longo da história da humanidade homens e mulheres que nos antecederam lutaram e se insurgiram contra toda forma de exploração e opressão.
Por mais generosos que foram, por mais dedicação que entregaram às lutas que travaram, em nenhum momento da história conseguiram conquistar a emancipação diante dos ricos e poderosos que tudo controlam.
Mesmo assim. foram os que lutaram antes de nós que impediram que a bestialidade dos que vivem do sangue e suor dos trabalhadores fosse ainda mais brutal.
E nós somos aqueles e aquelas que continuamos a manter viva essa mesma luta de séculos, pois se trata da luta que nos identifica profundamente com a humanidade.
É por isso que choramos, pois somos e continuamos humanos. E é essa humanidade que não perdemos jamais que levou a Janaína Barata a se colocar diante dos cassetetes dos policiais para proteger quem não conhecia.
Perdemos a eleição, mas ainda não travamos a verdadeira batalha.
A verdadeira batalha a ser travada não se resolveria com a vitória eleitoral.
Nos últimos anos a guerra desencadeada pelos meios de comunicação e o poder econômico contra os governos Lula e Dilma, trouxe a tona o que de pior se escondia em parte da população.
No passado recente, vimos homens dispostos a cometer as maiores atrocidades contra presos políticos.
Fazíamos de conta que não era real que parte importante da população silenciosamente era a favor de pautas conservadoras e reacionárias.
E como disse Mano Brown, abandonamos a periferia.
E abandonamos para os mercadores da fé, para os programas policiais, para as facções.
E fizemos de conta que governos democráticos controlavam seu braço armado. E que o genocídio da juventude negra poderia ser tratado em textos, artigos ou notas de protesto.
É hora de nos transformarmos.
Nós, homens e mulheres, que fomos às ruas lutar incansavelmente nesses últimos anos.
Que sem apoio do PT decidimos tomar nas próprias mãos a campanha do Haddad, produzindo materiais, organizando ações, indo à periferia, dedicando quase que todo o tempo possível para enfrentar o Bolsonaro, podemos dizer que não fomos derrotados.
Derrotados foram os dirigentes do PT que não foram capazes de organizar uma campanha militante. Que permitiram que durante dias não existisse um único material de campanha do Haddad.
Esses a história apagará, pois não estão a altura dos desafios postos para a classe trabalhadora e muito menos dos cargos que ocupam no PT.
Nós, que militamos nos movimentos sociais, as centenas de homens e mulheres que perceberam a importância de lutar, somos muito maiores e mais importantes do que eles.
Temos o desafio de continuarmos juntos lutando. Nos fortalecendo como companheiros e companheiras de luta. Forjar coletivos que sejam capazes de formar e organizar todos e todas que queiram se engajar na luta para barrar o obscurantismo que virá com Bolsonaro.
E ainda mais, para manter acesa a luta por uma sociedade radicalmente democrática, libertária e socialista.
Se a luta será longa, ela já começou.
E demonstramos esses dias que podemos enfrentá-la. E poderemos ainda mais se nos organizarmos para resistir e lutar.
