Melanina Acentuada Festival: mais de 80 horas de imersão nas narrativas negras
O Melanina Acentuada Festival celebrou sua 6ª edição com uma programação rica e diversa, proporcionando mais de 80 horas de imersão em narrativas negras.
Realizado de 23 a 28 de julho em Salvador, o evento trouxe espetáculos, mesas redondas, oficinas criativas, e muito mais, em locais emblemáticos como o Goethe-Institut Salvador, Aliança Francesa, Teatro Martins Gonçalves e Casa Rosa.
Palco de toda essa intensidade, Salvador pôde celebrar as narrativas negras, unindo teatro, cinema, literatura, música e redes sociais.
Idealizado pelo autor, ator, diretor e produtor Aldri Anunciação, a 6ª edição explorou a “Qualidade Transmídia das Narrativas Negras”, destacando a fluidez das informações entre as diferentes formas de arte, encontrando novas expressões e audiências.
A programação repleta de atividades incluiu apresentações de espetáculos como “MACACOS”, de Clayton Nascimento, uma reflexão poética sobre o racismo no Brasil, e a adaptação teatral de “Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, que abriu o festival.
Outros destaques foram “Namíbia, não”, de Aldri Anunciação; “Desfazenda”, do grupo O Bonde; “Dandara na terra dos Palmares” texto de Antônio Marques “Desmontando a Casa”, de Mariana Freire; “Mais Prá Lá do Que Pra Cá”, de Fernando Santana; e a estreia nacional da Cia de Teatro da UFBA com “O Pregador – Teatro-Fórum Antirracista”.
Além dos grandes espetáculos, o público do festival teve a oportunidade de aprimorar suas habilidades na escrita ficcional através de consultorias dramatúrgicas, enquanto oficinas criativas ofereceram insights valiosos sobre os processos de criação de narrativas negras.
O evento contou com entrevistas públicas e compartilhamentos de processos criativos, proporcionando ao público uma imersão profunda nas ricas poéticas negras.
Para garantir a inclusão de todos, os espetáculos contaram com tradução em Libras, o evento ainda transmitiu ao vivo através das redes sociais, entrevistas, atêlie de ideias e outras atividades que aconteceram nos 6 dias de imersão em artes e cultura, permitindo ao público que não pode comparecer um pouco das experiências compartilhadas .
Uma das novidade do festival, o Café Melanina, espaço matinal no pátio do Instituto Goethe, serviu como ponto de encontro entre participantes, elenco dos espetáculos e do público que aproveitava para aguardar o início da programação. O espaço democrático recebeu a feira de empreendedorismo, cujo objetivo foi divulgar e comercializar produtos e serviços ofertados por pessoas pretas, e informalmente discutir colaborações artísticas futuras e compartilhar experiências.
Além dos espetáculos, os ateliês de ideias proporcionaram discussões profundas sobre a poética das narrativas negras, explorando temas como a expressão artística da dor, a intersecção entre teatro, cinema e literatura, e o papel das artes visuais no teatro negro contemporâneo.
Personalidades influentes como Miguel Arcânjo (SP), Rodrigo França (RJ), Mônica Santana (BA), Fernanda Felisberto (RJ), Diego Araúja (BA), Tom Farias (RJ), Joelzito Araújo (RJ), Licko Thurle (RJ) e Fábio Santana do Bando de Teatro Olodum enriqueceram as discussões, mediadas por Alexandra Dumas e Laís Machado.
O Melanina Acentuada Festival tem um forte caráter antirracista, configurando-se como um espaço contra-hegemônico. Além de promover e valorizar as histórias e artistas afro-descendentes, o festival fortalece o protagonismo da população negra, contrapondo-se a ambientes como a televisão, que ainda carecem de representatividade.
Segundo a ONU Mulheres, essa representatividade é fundamental para combater a violência simbólica, uma forma de dominação que perpetua ideias discriminatórias.
Os seis dias de evento celebraram a força da cultura negra e suas expressões artísticas, promovendo uma sociedade mais justa e combatendo a violência simbólica instituída há séculos. Salvador, a cidade mais negra do Brasil, se tornou um importante centro de resistência e celebração cultural, mostrando que a valorização das narrativas negras é um ato político essencial para a construção de um futuro mais inclusivo e representativo.
O festival encerrou as atividades em grande estilo, o espetáculo “MACACOS”, com roteiro, direção e interpretação de Clayton Nascimento, vencedor do prêmio Shell, um dos maiores prêmios do teatro, causou grande comoção nas duas noites de apresentação. Quem foi no sábado (27) assistir ao espetáculo e ainda pôde desfrutar da participação da DJ Gabi da Oxe, que fez o público dançar até o final da noite.
A participação de festivais dedicados à cultura negra, como o Melanina Acentuada, é essencial para tornar visível e dar protagonismo às narrativas negras. Ao longo de suas edições, o festival tem promovido mais de 40 espetáculos e diversas atividades, atraindo a população para essa importante causa. A realização do evento só é possível através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, destacando a necessidade de políticas de promoção cultural no Brasil.
O Melanina Acentuada Festiva – Ano 6 é um projeto apresentado pelo Ministério da Cultura e Novelis, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e com patrocínio da Bayer. Realização Melanina Acentuada Produções e Ministério da Cultura e GOVERNO FEDERAL União e Reconstrução.