Auto de Fé Midiático por Dante Lucchesi
O que se assiste hoje no desfecho do famigerado julgamento do chamado Mensalão é menos um ato de punição à corrupção do que um linchamento político eleitoreiro.
Os ministros do STF, como honrosas e corajosas exceções – como a do Ministro Ricardo Lewandowski –, dobraram-se à pressão dos grandes grupos econômicos que controlam a grande mídia conservadora e levaram a cabo um julgamento de exceção que atropelou os princípios universais mais básicos de direito à defesa, com procedimentos típicos de farsas jurídicas que são encenadas nos regimes mais autoritários.
O Editorial do Portal Carta Maior (ver abaixo) traça um significativo paralelo entre o massacre de lideranças do Partido dos Trabalhadores promovido pela grande mídia reacionária durante o julgamento do Mensalão e a histeria udenista que levou ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e fomentou o golpe militar de 1964, que sustou o projeto democrático e popular das Reformas de Base do legítimo governo de João Goulart.
Assim como em 1954 e 1964, arma-se o cenário para que em 2014, com o mote de um combate seletivo e hipócrita à corrupção, o discurso reacionário, a serviço da concentração de renda e da submissão do país aos interesses do grande capital nacional e internacional, galvanize a sociedade e derrube do governo federal, por qualquer meio e a todo custo, um projeto democrático e popular que promove a distribuição de renda, estabelece relações de cooperação com outros governos democráticos e populares da América Latina e mantém uma política externa independente dos desígnios do imperialismo norte-americano.
Organizações mafiosas como a Revista Veja, os Jornais Folha e Estado de São Paulo e as Organizações Globo, propriedades de famiglie que controlam a comunicação social no Brasil, atacam o PT, não pelo que ele tem de mal – a corrupção, que já existia em MAIOR ESCALA nos governos anteriores do PSDB/DEM, com o silêncio e a conivência desses mesmos órgãos de imprensa –, mas pelo que ele tem de bom – um governo progressista que promove a justiça social, mesmo que timidamente e num nível muito aquém do desejado.
Mas mesmo esses tímidos avanços não são tolerados por uma elite racista e reacionária, que deplora o Bolsa Família, porque necessita da miséria de grande parte da população para perpetuar a superexploração da força de trabalho em níveis análogos ao da escravidão. É o ódio visceral desta elite escravocrata que escorre das manchetes que exultam o desfecho circense do julgamento do Mensalão, que mais lembra os autos de fé da idade média, em que os hereges que ousavam se contrapor ao grande poder eram queimados vivos e submetidos ao suplico do garrote vil.
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