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Instituto Steve Biko faz 33 anos preparando jovens negros para o acesso à universidade 

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Uma solenidade festiva e cultural marcou o aniversário de 33 anos do Instituto Steve Biko, primeiro curso pré vestibular para jovens negros de Salvador , que inspirou outras iniciativas no país. O evento, na quinta-feira (31) na Reitoria do Instituto Federal da Bahia – IFBa, no Canela, em Salvador, reuniu alunos, gestores, professores e convidados. Na abertura,  a performance de dança da Campelo Companhia de Dança encantou o público . Foram  homenageadas as assistentes sociais que fazem parte da história da instituição: Márcia Guedes, Heide Damasceno, Jessica Carvalho, Carmem Flores, Juliana Marta, pedagoga, Mestra e doutoranda em  Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade (UFBa)e coordenadora de ações afirmativas educação e diversidade ( PROAE-UFBa) que mediou a Mesa . A professora da UFBa, assistente social e escritora  Elisabete Pinto, Doutora em Psicologia Social (PUC-SP) proferiu a palestra ” O papel do Serviço Social na emancipação do povo negro” e criticou a omissão dos temas raciais na formação acadêmica. 

Para o diretor Lázaro Cunha, a criação da instituição foi uma inovação do Movimento Negro para superação do  racismo  no acesso à educação superior. ” A educação superior é um campo estratégico para a ascensão social e para o enfrentamento político do racismo estrutural no Brasil”, afirmou. Ele destacou a preparação técnica para as provas do ENEM e a formação politica, de contato com as contribuições da população afro-brasileira no desenvolvimento sócio econômico e cultural do país, que na historiografia oficial são minimizadas e apagadas.

O vereador Silvio Humberto (PSB) presidente de honra do Instituto Steve Biko ressaltou o pioneirismo do curso no Brasil, inspirado no legado da Frente Negra que defendia a educação como pilar central para a ascensão social dos negros. “A iniciativa repercutiu na criação de outros cursos e influenciou a política pública e a formação do Fórum de Quilombos Educacionais. O grande salto político foi colocar a universidade como parte do projeto de vida e trabalho da população negra, o sonho de chegar à universidade”, disse.

*Prêmios*

O instituto recebeu o nome do líder sul-africano, Steve Biko, grande referência da luta contra o Apartheid na África do Sul , sendo considerado o primeiro Quilombo Educacional do Brasil.

 Ao longo desses 33 anos, o ICSB desenvolveu atividades no campo político e educacional que já resultaram em políticas públicas para o combate às desigualdades raciais, recebendo o reconhecimento de órgãos governamentais e movimentos sociais do país. Dentre eles, a Premiação Nacional de Direitos Humanos, em 1999, concedida pelo Ministério da Justiça e o XXIII Prêmio Nacional Jovem Cientista pelo programa de fomento à ciência, tecnologia e inovação para jovens negros e negras que foi tema do artigo vencedor conquistado pela estudante egressa Sheila Regina, atualmente professora da Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS.

O primeiro prêmio em 1993, nos primórdios do trabalho do instituto, foi entregue pelo tradicional bloco baiano de samba Alvorada. 

Atualmente o curso conta com 60 alunos , de bairros perifericos e do centro da cidade e 15 professores contratados. O processo seletivo para admissão de novos alunos acontece em fevereiro e março. Além do curso regular pré vestibular o Programa Oguntec, com 68 alunos de Salvador e Região Metropolitana, Vera Cruz e Cruz das Almas, oferece atividades de combate ao racismo para preparar jovens negros do ensino médio e estimular o desenvolvimento de habilidades técnicas. A diretora pedagógica do ICSB Eliane  Cavalleiro ressalta o apoio dos parceiros para o êxito das atividades como a Secretaria Estadual de Educação, UNEB, BASF, Dow Química, Institutos SOLEA, Ibirapitanga e Federal de Educação Ciência e Tecnologia . 

*Articulação internacional*

O Programa de Intercâmbio, realizado pelo instituto promove encontros, viagens e experiências internacionais para jovens estudantes universitários afrodescendentes no continente Americano.  O processo cultural se baseia na tradição característica dos povos bantu , em que a partilha de conhecimento é fundamental para o desenvolvimento social.

O programa traz como diálogo o universo da diáspora africana ao interconectar a juventude afrodescendente para ampliar seus conhecimentos, aprender outra língua, reconhecer sua história no mundo, estabelecer vínculos simbólicos e trocas de experiências científicas e acadêmicas, respeitando a ancestralidade, o patrimônio diversificado e a contribuição da diáspora africana para o desenvolvimento das sociedades.

Um desses projetos é o programa de trainee do Afreximbank – Banco de Financiamento Comercial para a África, localizado na cidade do Cairo, no Egito.

O objetivo do treinamento é proporcionar aos jovens experiências internacionais e atuação em áreas estratégicas ligadas a entidades de fomento ao desenvolvimento econômico. Dessa forma, os/as estudantes selecionados/as das áreas de Direito e Comunicação, vão representar o Instituto Cultural Steve Biko, toda sua ancestralidade e espírito de luta em prol da inclusão socioeconômica da juventude negra.

Além desses projetos, a instituição recebe visitas de estudantes e palestras de professores estrangeiros, como a visita guiada à Cachoeira, no Recôncavo Baiano com os estudantes americanos intercambistas da Pitzer College e os “bikudos” em junho.

Por Claudia Correia

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