A análise dos últimos anos da discussão negra na Bahia e no Brasil revela que, nos movimentos sociais, as prioridades são temas do passado ou de estrangeiros, sem nenhuma análise crítica atualizada. As referências referem-se geralmente a lideranças e intelectuais negras do continente africano, sem qualquer tipo de discussão ou confronto com a realidade brasileira.

No parlamento, o único parlamentar que, apenas com sua presença física, com seu corpo, dizia o que estava fazendo ali, morreu! Estava ciente do que estava realizando e entendia a relevância do que estava sendo feito para o Brasil e para a agenda do movimento negro. A sua presença ali era uma constatação de que a prioridade da causa negra era um debate a ser feito no Congresso Nacional para toda a sociedade brasileira. Hoje nós vemos parlamentares que se vestem de roupas assanhadas e bonitas, batas de grife e que não priorizam a luta negra, na verdade priorizam outras discussões.

Até o debate do território e da raça, o debate da distribuição da riqueza nacional ou o debate sobre o enfrentamento ao genocídio da população negra foram secundarizados às custas do “bem viver” de certas lideranças e organizações.

As lideranças negras se submetem a migalhas, talvez comparando seus pequenos apoios institucionais à sua capacidade de fazer esse enfrentamento. Até mesmo os parlamentares brancos baianos entram na pauta racial apenas para também diminuir, sucumbir e destruir a capacidade negra de tentar fazer esse debate no Estado.

Outro aspecto é a situação daqueles seguidores, daquele Deputado que informei e o único que fazia discussão negra no Brasil .Os seus seguidores aqui na Bahia viraram, na verdade, um fetiche da sua própria trajetória de vida e repertório existencial. Estão no governo e ficam tirando fotos, sorridentes, alegrando e argumentando para seus algozes que não são tão feios assim.

E o debate do genocídio continua, as facções continuam se matando e matando a população negra nos bairros populares. Nada a esperar… Infelizmente…

Sérgio São Bernardo é Advogado, Professor da Uneb, Mestre em Direito UNB, Doutorando em Difusão do Conhecimento.Inst. dentre outros