Aldeia Nagô
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O bloco de corda cabou por Manno Góes

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura
Manno-Goes

Como algumas coisas no facebook tem que ser bastante mastigadas para todos compreenderem, vamos lá: Acabei de reafirmar que bloco de corda ACABOU.

 

Isso não significa que cuspo no prato que comi. Claro que não! Fiz parte de um modelo de negócios que deu muito certo. Mas o carnaval é dinâmico. Se transforma e pede por transformações constantemente.

E hoje está claro que as ruas estão pedindo esta transformação.

Sobre grana; vamos lá: não será o governo quem bancará os blocos. Serão as iniciativas privadas e TAMBÉM, em alguns casos, o governo. Hoje, aliás, todos os blocos sem corda saem com projetos incentivados.

Sai mais barato uma banda sair com um patrocínio, seja Schin, seja Skol, seja a porra que for, sem cordas. O mesmo patrocínio que financiaria um bloco, financia um artista.

E não venha com esse papo de “quem vai bancar?” Porque poucos, pouquíssimos, se bancam.

Minha proposta, que venho defendendo há 4 anos é:

Redução de dias de blocos com corda. Ou instituição de um espaço privado, onde os artistas se apresentam como quiserem.

Quem nunca experimentar sair sem corda, não imagina como pode ser lucrativo e divertido sair sem vender abadá.

Os patrocínios estariam no trio. E mesmo assim, sem corda, o artista pode divulgar sua marca distribuindo camisetas. Fazendo balões com publicidade. Aliás: onde mesmo a marca do patrocinador do bloco aparece, senão no trio, balões ou nas camisetas? A marca estaria lá, presente, do mesmo jeito. Já viu marca de patrocinador de bloco em camisa de cordeiro? Não, né? Eu também não.

Os cordeiros são o maior problema do nosso carnaval.
São foliões transformados em funcionários que segregam, eles mesmos sendo os segregados. As coisas mudam, mané.

Você não está seguro dentro de um bloco. Você acha que está.

A espontaneidade popular é a melhor segurança que um artista ou folião pode ter. 
Se mesmo assim, algum bloco achar que deve oferecer a um determinado público um exclusivismo privilegiado; ótimo. Que seja em menos dias. Com organização.

Pra não atrapalhar nem espremer as ruas.

Repetindo: foi um modelo de negócios que funcionou por um tempo. Não funciona mais. Acabou.

Toda pipoca é mais tranquila que blocos de corda. Toda! Seja Igor Kannario ou Filhos de Gandhi.

Há quatro anos falo isso.

Não falo com as paredes.

A experiência do Furdunço é prova disso.

Sobre trios: um mini-trio seria absorvido por trios mais potentes? Depende. Com organização no desfile; não.

O micro-trio sempre arrastou multidões. Sempre foi bom. Sem corda, até o desfile se torna mais dinâmico.

Sou radicalmente a favor do fim das cordas.

Mas entendo que alguns ainda querem preservar esse modelo velho, sustentado por velhos. Ótimo. Que sejam então instituídos dias e regras para esses blocos saírem.

Sou dono de bloco. Sei que posso ganhar até mais dinheiro sem vender um único abadá.

Pensem nisso.

Pra mim, artistas podem até vender abadá. Mas sem corda.

Porque não trocar carros de apoio por Food Trucks bacanas, estilizados, também patrocinados? Olha só que bacana pras nossas ruas.

Os mascarados estavam certos. Saulo está certo. Eu estou certo.

Quando acabar a quantidade de bloco com corda, veremos uma transformação fantástica no carnaval de Salvador.

Acredite: você não tem medo da rua: você tem medo dos cordeiros. Da corda. Do empurra empurra.

Menos corda, menos violência.

E não estou com saco pra babacas que dizem que “depois que eu enchi o rabo de dinheiro com blocos agora venho com esse papo”.

Eu conheço minha história.
Sei da minha luta invisível por um carnaval mais participativo, mais lucrativo. A marca do bloco continua.

Aliás, é justamente por achar que artistas e construtores de alegria devem sim ter lucros que vejo no fim das cordas a sobrevivência do nosso
carnaval.

Antes de me chamar de oportunista, observe que estou falando de oportunidades, ok?

Bjs!

E que venha a transformação!

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