Aldeia Nagô
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Aplausps. Por Joatan Nascimento

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Joatan-Nascimento

Abordei há um tempo, neste espaço que destino às minhas elocubrações, algo sobre as vaias. Hoje, deliro aqui sobre o aplauso.
Todo artista gosta de ser aplaudido. Aqueles que produzem obras instantâneas, ou seja, numa “performance” direta com o público, ainda mais.

Comumente, se avalia o nível de satisfação do público através do aplauso e isto gera, em alguns casos, uma busca desenfreada por parte do artista por esta aprovação. E nesta busca ou necessidade, …vale tudo.

Eu entendo perfeitamente que se queira ter sucesso, e nisto nada há de errado. O sucesso como consequência do seu trabalho, do seu discurso e da verdade nele embutida.

Mas, no meu entendimento raso, acredito que em primeiro lugar deva-se saber qual a destinação da sua arte. Respondendo a isto com honestidade, tudo poderá fazer sentido.

Porém, condicionar o que eu faço visando a aprovação do público nunca foi o meu objetivo como artista. Sempre tentei dizer alguma coisa – nem que fosse o tanto que eu estava fazendo para sair da mediocridade – e sempre busquei fazer com que o que eu tocasse fizesse algum sentido para mim. Se o público gostar, que maravilha! Sinal que o meu discurso também lhe faz sentido.

Não pretendo ser nada além do que um servidor da música. E um dos mais humildes. Um daqueles que se sente inteiramente recompensado pelo simples fato de poder tocar uma simples melodia, lá, trancado no silêncio do seu aposento.

Por isto, nunca vão me ver competindo, ou usando da arrogância para me esconder, ou humilhando quem quer que seja, ou ainda sentindo inveja de um colega.
Música é outra coisa! Música é serviço, é entrega para o outro, é bálsamo para a alma e para o corpo. É mensagem, é expor-se no que de melhor há em si. É beneficiar-se dela para ser melhor na proporção direta em que podes fazer com que alguém se sinta melhor.

Música é santuário, é a divindade te usando como servo. Música é também a dor da dedicação absoluta. É a frustação pela busca de algo que nunca chega. É mergulho nos diversos saberes culturais – alheios aos seus – na tentativa de saber mais e dizer mais. Música é vida!

O público, senhor absoluto no seu julgar – ô palavrinha infame! -, saberá lhe dar valor se a sua música sair com verdade. Aí, sim, ele sentirá que ali há um artista fazendo arte e não apenas lustrando o ego.

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