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Aldeia Nagô
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A melhor política externa brasileira Poe Emir Sader

4 - 5 minutos de leituraModo Leitura

Celso Amorim foi chamado por um
órgão da grande imprensa norteamericana como "o melhor ministro de
Relações
Exteriores do mundo". O que podemos certamente dizer que é o ministro de
Relações Exteriores da melhor política externa que o Brasil já teve.


Tudo
o que o governo Lula mudou da herança recebida, foi bom, foi para melhor, a
começar pela política externa subserviente – aquela de tirar o sapato no
aeroporto do império, do Celso Lafer. FHC levava o Brasil pelo caminho em que
está o México hoje: o do Tratado de Livre Comércio com os EUA, intensificando
ainda mais o comércio exterior com aquele que se tornou o epicentro da crise
econÿmica internacional. O México tem mais de 90% do seu comércio com os EUA, ao
invés da diversificação que o Brasil implementou e que faz com que hoje a China
seja nosso primeiro parceiro comercial e tenhamos uma diversificação do comércio
com a Ásia, a Áfric a, a América Latina, a Europa e os EUA.

Alckmin, em
plena campanha eleitoral de 2006 – vejam o primeiro texto do blog, que abordava
esse tema – saudava a vitória eleitoral (fraudulenta) do Calderón, no México,
dizendo que esse era o caminho que deveríamos seguir. Isto é, os tucanos
mantiveram essa orientação de ser aliados subservientes do império, cuja
economia decadente leva a que a crise atual fizesse com que o México fosse de
novo ao FMI – o que FHC fez três vezes no seu mandato.

Na reunião em que
os EUA apresentaram a Alca, Hugo Chavez foi o único presidente americano a votar
contra. FHC fez belo discurso – segundo o próprio Chavez -, mas votou com os
EUA. Não fosse a vitória de Lula e a virada da política externa, o Brasil e todo
o continente estariam na situação penosa do México, pelas mãos dos
tucanos.

O Serra – que não foi convidado para o aniversario da Conceição,
ligou e se auto c onvidou, chegou com flores, recebido com toda a frieza, ao
contrário da Dilma, convidada de honra, recebida com aplausos, de pé – quis
tirar banca de progressista, dizendo que estaria "mais à esquerda de Dilma",
porque ela não domaria o PMDB. (O problema é que ele não doma, nem quer domar, o
PSDB.) Mas critica o Brasil em Honduras, no Irã, diz que vai tirar o país do
Mercosul, só podendo colocar no lugar a relação privilegiada com os EUA, que os
tucanos sempre tiveram e ainda pregam. Serra queria que tivéssemos a posição que
teve o governo deles diante do golpe do Fujimori, de conivência e
apoio?

A política externa brasileira faz do nosso país um país soberano e
isso é insuportável para as elites tradicionais que se acostumaram à
subserviência com as potências do centro do capitalismo, que consideram ter
relações diversificadas no mundo uma desobediência com as orientações do
Império.

Quando o anteces sor dos tucanos no Ministério de Relações
Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, afirmou "O que é bom para os Estados
Unidos é bom para o Brasil" (sic), nenhum órgão da imprensa brasileira – esses
mesmos que se transformaram em partidos do bloco tucano, diante da fraqueza dos
partidos tradicionais da direita conforme confissão da executiva da FSP –
divergiu, até aplaudiram. Não podem assim estar de acordo com uma política que
afirma orgulhosamente nossa soberania inclusive diante do maior império da
história da humanidade.

Serra disse que disse, que não disse, que não
teria dito, mas que disse que quer bombardear o Mercosul, reduzi-lo às suas
mínimas proporções, que era a situação no governo FHC de que ele participou
durante todos os dois mandatos. O que colocar no lugar? O livre comércio com os
EUA, certamente, o caminho do Chile – que o Serra sempre tomou como exemplo -,
do México, do Peru, da Colÿmbia, os países com futuro mais comprometido no
continente.

A política exterior do governo Lula promoveu a integração
regional, privilegiou as alianças com o sul do mundo, diversificou nosso
comércio exterior. Afirmou o nome do Brasil no mundo, em uma condição de
prestígio e de respeito, como nunca tínhamos tido.

O que é bom para os
tucanos, não é bom para o Brasil. A política externa soberana é condição para a
política interna democrática e popular. O Brasil decide este ano se quer
consolidar nossa posição no mundo e aprofundar a construção de um país justo ou
se voltam os subservientes ao Império.

Artigo publicado originalmente
em www.cartamaior.com.br

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