Aldeia Nagô
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Estreia da ação “A Sopa de Maria” emocionou público do Palacete

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Era finalzinho da tarde da terça-feira, 20 de dezembro, e um panelão e um fogão estavam a postos, na área externa do Palacete das Artes. O público que começava a tomar o espaço em frente à Sala Contemporânea Mario Cravo Jr estava ali por amor à arte e também para ajudar a fazer uma releitura de uma famosa sopa, aquela que era servida pela atriz Maria Moniz, nos anos 1960, na varanda de sua casa, em Nazaré, reunindo intelectuais e jovens artistas.

Em 2016 cá estava ela, falando para pessoas de diversas gerações, na ação integrante do projeto Tropicália: Régua e Compasso. “A Tropicália não aconteceu na minha casa, mas a semente da Tropicália, sim”, considerou a também jornalista.

A mesa também contou com a participação de Lia Robatto, que falou do período, especialmente pelo viés de quem atuou na Escola de Dança da Faculdade da Bahia;  com a fala da atriz e jornalista Jussilene Santana, que abordou sua pesquisa, trazendo à tona dados sobre Martim Gonçalves, mas mantendo o tom memorial; com a presença de Marle Macedo, diretora do Centro de Formação em Artes (CFA/Funceb), resgatando o tempo em que frequentava os encontros na casa de Maria Moniz (filha do influente artista Prisciliano Silva).

Realização em parceria – A mesa foi mediada por Fernanda Tourinho, diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e idealizadora do projeto, realizado em parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e com a Fundação Pedro Calmon (FPC), entidades vinculadas à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecutlBA).

O secretário de Cultura Jorge Portugal sorria, na primeira fila da plateia, ao escutar as narrativas palpitantes de quem viveu momentos tão efervescentes. Lia comentou a respeito de uma Bahia convencional com a qual se deparou ao vir de São Paulo, com 17 anos, para auxiliar a polonesa Yanka Rudzka na Escola de Dança. “Mas na ambiência pré-Tropicália os jovens baianos já quebravam, desbundavam”, lembrou, falando divertida sobre experimentos psicodélicos. Ela também citou que Tom Zé foi aluno da escola de Dança para argumentar que o princípio de “transversalidade”, tão contemporâneo e discutido na atualidade, era uma realidade naqueles anos 60.

Efervescência – Profissionais renomados, de várias linguagens artísticas, estudantes e interessados no tema formaram o público da estreia do A Sopa de Maria no Palacete. Eles também puderam conferir a exposição sobre a ambiência pré Tropicalista, na Bahia e que reúne peças de Lina Bo Bardi, Walter Smetack, Yanka Rudzka, Carybé, Juarez Paraíso, Lênio Braga, Jenner Augusto, Pierre Verger além de fotos dos acervos de Lia e Silvio Robatto, recentemente doados ao Centro de Memória da Bahia. André Chetto, estudante de música, avaliou que “o contexto da mostra reflete esta história de efervescência da época”.

O livro Impressões Modernas do Teatro e Jornalismo na Bahia, de Jussilene Santana, bem que poderia figurar na exposição, já que ele trata especialmente do teatro como temática na imprensa baiana em meados do século XX. O período tem particular relevância porque, em 1956, foi criada a Escola de Teatro, a primeira no Brasil ligada a uma instituição de nível superior, a Universidade da Bahia. A autora autografou seu livro após sua fala, na qual lembrou de fatos como sua atuação em Senhorita Júlia, de August Strindberg, dirigida por Ewald Hackler (também presente no evento do Palacete). Este foi, justamente, o primeiro espetáculo encenado na Escola de Teatro.

E foi assim, em tom memorial, que os participantes da mesa emocionaram o público presente. Depois da mesa foi servida a sopa feita pelos presentes e o clima de conversa foi estendido descontraidamente, embaixo do toldo, com troca de informações entre gerações. As próximas edições de A Sopa de Maria acontecerão nos dias 10 e 24/01, 7 e 14/02, 14 e 28/03.

Serviço das próximas edições:

A Sopa de Maria

10/01 (terça) – O Teatro
24/01 (terça) – O Audiovisual
07/02 (terça) – As Artes Visuais
14/02 (terça) – A Literatura
14/03 (terça) – A Dança
28/03 (terça)  – Multilinguagem. Convidado: José Carlos Capinam

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