Aldeia Nagô
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“A cultura foi uma das ferramentas que o povo negro utilizou para se preservar a memória, a história e a religião”, avalia Margareth Menezes 

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Coletiva antecedeu abertura da Conferência da Diáspora Africana nas Américas; evento reúne especialistas, pesquisadores, personalidades culturais e representantes de movimentos sociais, em Salvador
 

Uma coletiva de imprensa realizada no salão da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na manhã desta quinta-feira (29), anunciou a abertura da Conferência da Diáspora Africana nas Américas.

Participaram da entrevista as ministras Margareth Menezes, da Cultura; Anielle Franco, da Igualdade Racial; o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania; além de Robert Dussey, chanceler do Togo; o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo César Miguez; e a secretária de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, (Sepromi), Ângela Guimarães.

“O Brasil, como o país com a maior população negra fora da África e com uma trajetória de mais de duas décadas em políticas de promoção da igualdade racial, foi escolhido para sediar o evento. Com o retorno do presidente Lula à presidência da República, retomamos nossas conexões com os países africanos, especialmente com os países da África”, disse Delma Santos de Andrade chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Margareth Menezes, destacou o aspecto cultural da população negra. “A cultura foi uma das ferramentas utilizadas para se preservar a memória, a história, a religião de matriz africana”.

E completou: “A realização do evento em Salvador, um estado de forte herança africana, é muito simbólica. Ações como essa trazem um novo olhar sobre o pan-africanismo e a união das raízes africanas”.

Ela enfatizou a urgência em corrigir distorções históricas no que tange à questão social e racial. “Estamos no século XXI, no ano de 2024. Já é hora de entendermos que as pessoas negras têm um lugar fundamental na construção do Brasil, e essa diversidade contribui de forma muito positiva para um país melhor. Precisamos proteger a vida dos nossos jovens e mulheres negras, e a união da sociedade é essencial para isso”, afirmou.

O ministro Silvio Almeida compartilhou suas expectativas para o evento. “Esta conferência é uma oportunidade de reconfigurar nossas bases, discutindo as contribuições intelectuais e artísticas do Brasil e das Américas. O Brasil e os países do continente americano têm muito a oferecer em termos de tecnologias e soluções para as crises que enfrentamos”, pontuou.

Já Anielle Franco abordou a importância da transversalidade nas políticas públicas de igualdade racial. “A gente está falando da população negra, que representa mais de 50% do Brasil. Estamos falando de uma população que tem urgência e que precisa de políticas públicas eficazes. Um evento como esse dialoga com a política que a gente faz com a sociedade civil”, contou.

“É a primeira vez que uma conferência preparatória para um congresso da União Africana acontece na Bahia, estado com 80% de população negra, o estado com maior população quilombola e o segundo estado do Brasil com população indígena também. Abre aí um marco referencial importante para que a gente avance”, complementou a secretária da Sepromi, Ângela Guimarães.

Robert Dussey, chanceler do Togo, que representou a União Africana à mesa, enfatizou a importância de reconhecer e promover as raízes e as identidades africanas. “Todos nós temos raízes africanas e negras que devemos promover e defender. A luta contra a discriminação racial não é apenas uma luta contra o outro, mas uma luta pela sobrevivência e dignidade. Devemos nos unir para continuar essa jornada e fortalecer nossos laços com o continente africano”, declarou.

O reitor da UFBA, Paulo César Miguez, expressou a satisfação da instituição em participar da realização da conferência e mencionou sobre a tradição de relações com o continente africano e a universidade.

“Temos muitos pesquisadores africanos trabalhando conosco, e na mobilidade estudantil ativa, assim como na graduação, recebemos estudantes africanos. Na graduação, estamos recebendo estudantes africanos, mas ainda há muito a ser feito. O apelo aqui não é apenas da UFBA, mas de todo o mundo acadêmico, pela ampliação do número de editais que permitam mais pesquisas, especialmente com foco na criação de um programa para mobilidade estudantil de estudantes africanos nos territórios da diáspora, especialmente no caso do território brasileiro”, salientou.

O evento é promovido pelo governo do Togo, pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado da Bahia, com o apoio da Universidade Federal da Bahia e do Instituto Brasil-África. A conferência reúne especialistas, pesquisadores, personalidades culturais e representantes de movimentos sociais, além de setores público e privado. O evento, que segue até o sábado (31), também busca promover o intercâmbio de ideias e experiências sobre pan-africanismo, memória, restituição, reparação e reconstrução, reflete o compromisso do Brasil com a valorização da herança africana e a luta global por igualdade racial e justiça social.

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