Aldeia Nagô
Facebook Facebook Instagram WhatsApp

A esquerda precisa apreender o espírito da época. Por Dante Lucchesi

2 minutos de leituraModo Leitura

Vi um vídeo agora em que um menino do MBL empareda sozinho o candidato à prefeitura do PSOL em Salvador, este cercado de apoiadores. Esse menino se elegeu como o vereador mais jovem da capital baiana. É impressionante a renovação e a juventude da extrema direita.
Não se vê isso na esquerda.
A esquerda passou a defender o sistema democrático capitalista. Perdeu o caráter revolucionário. A pauta social tem sido conduzida de uma forma que não politiza a população. Não há o embate ideológico contra a exploração capitalista, cada vez mais desumana. Os beneficiados com os programas sociais, quando passam das classes D e E para a classe C, tornam-se eleitores da direita, porque, do alto de sua ignorância e alienação, acham que quem vota na esquerda é pobre, que precisa do Bolsa Família. E, em época de cultura da prosperidade e de empreendedorismo, a última coisa que o indivíduo quer é ser visto como o pobre, ou como trabalhador. Ele quer ser empreendedor, patrão de si mesmo (ou seja, se auto explorar).
Essa ideologia, alimentada pelas bolhas das redes sociais, e turbinada com o fundamentalismo religioso, o conservadorismo comportamental (a defesa da tradicional família burguesa) e toda sorte de preconceitos é o caldo cultural da hegemonia política da direita na atualidade.
E a esquerda não é mais capaz de galvanizar, entusiasmar, porque não entrou no espírito do tempo, não domina a linguagem, a gramática da época.
Por que um moleque de esquerda não pega um microfone e vai pra cima de um político bolsonarista e causa?
Porque quem é contra o sistema é a extrema direita: “contra tudo isso que está aí”. O que sempre mobilizou a juventude, potencialmente irreverente e contestadora. Soma-se isso ao individualismo e a ideologia do sucesso pessoal, e se tem um monte de moleque de direita lacrando por aí. Nicolas Ferreira é o arquétipo dessa criatura, que junta o discurso contra o sistema, os mais reacionários preconceitos e o combate ao inimigo interno: o comunismo. Nenhuma lógica, nenhuma coerência, mas isso é o que menos importa em tempos de alienação absoluta, das bolhas na Internet e do império das fake news.

Compartilhar:

Mais lidas