Aldeia Nagô
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A Lógica do Assexuado por Manu Ela Barreto

2 minutos de leituraModo Leitura

Há uma espécie humana rara e insípida: o
assexuado. Um ser indefinivelmente definível. 
Inofensivo. Necessário ao controle da taxa de natalidade e na contenção
da superpopulação no planeta. Mas não se engane. Atente para o avesso do avesso
da camuflagem:


O assexuado banal

Desprendido de sexo, quanto de todos, é visto sem
ver, quisto sem querer. Não mente para si, tampouco para o outro. Não pratica
sexo em nenhuma instância, nem mesmo sozinho, o que lhe confere certa
coerência. O seu mal é apenas existir, visto que o tesão não escolhe o alvo, em
outra perspectiva, o tesão escolhe seu alvo.

O assexuado altruísta

Parece necessitar do outro por ser atencioso,
gentil e dedicado. É ofensivo e tumultuoso porque vê e não quer ser visto,
atiça o desejo e o desconhece. É alvo provocado e provocativo.

O assexuado tosco

Pratica o sexo consigo mesmo, o que lhe confere
uma aura sexual. Conhece o desejo obsoleto. É o martírio de quem o deseja, mas
inofensivo na resposta. Vê e é visto. Sem querer, é quisto. Sua virtude é
vivificar o desejo, seu erro é extingui-lo.

O assexuado paradoxal

Pode ser também denominado de “assexuado
corrupto”. Tem desejos sexuais e amorosos. Ínsita o outro e não o satisfaz.
Teoriza e não pratica. É real quando virtual e virtual quando real. Necessita
de vínculos e os nega, deturpa e destrói. O seu mal é consumir o outro. É
quisto, depois repudiado. Subserviente da desculpa. Sua virtude é a ironia: ser
o próprio alvo.

O assexuado mortal

É amado e atraído. Ama e atrái na mesma
intensidade em que nega o desejo.

A lógica do assexuado é ser sempre assexuado, do
banal ao mortal, todos um ser…

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