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Alianças e ansiedade. Por Claudio Guedes

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Claudio_Guedes

A movimentação política é grande, negociações que envolvem estratégias nacionais e regionais, cada qual querendo uma valorização maior do “seu” passe. Blefes, jogadas antecipadas, xadrez intricado. O que é prioritário? O nacional ou o poder regional? É sempre uma questão difícil e comporta decisão que provoca descontentamento e mágoa.

É o normal. Mas a batalha pelo poder “maior” possui preferência, ou não?

Procurar ler cada “movimento” de cada partido ou político e dele extrair uma conclusão ou de cada gesto, de cada palavra, de cada resposta a qualquer pergunta feita por um jornalista ao candidato, procurar conclusões definitivas é um exercício praticamente inútil.

Desculpem os queridos amigos, mas só revelam ansiedade.

A definição da política de alianças à esquerda, neste quadro de dispersão e divisão das forças políticas do Brasil atual, só vai acontecer no momento que as circunstâncias se mostrarem decisivas e as decisões sejam improrrogáveis. É a dura realidade.

A direita saiu um pouco na frente, com a aliança em torno do candidato do PSDB, mas ainda enfrenta um panorama sombrio pela pouca capacidade de empatia popular do escolhido. É forte na articulação e frágil na penetração junto às classes C e D e muito débil no Nordeste do país.

Continuo achando que Lula, Ciro Gomes, Manuela D’Ávila, Guilherme Boulos, PT, PDT, PC do B, PSOL, PSB são políticos e partidos experientes, progressistas e que integram o campo democrático popular.

A liderança do processo neste campo – é claro – cabe ao PT. A Lula, em particular, por ser o líder na preferência popular com ampla e generosa margem. Tão simples quanto.

Se Ciro Gomes, político polêmico, de personalidade difícil, mas que inegavelmente se situa no campo da social-democracia progressista, tivesse hoje 20 ou 25% da preferência nas pesquisas, ele seria o aglutinador natural de toda esquerda na impossibilidade da candidatura Lula. Mas os números não mostram isso. Ao contrário, desmentem.

A questão para o PT é que um sucessor de Lula, indicado no momento que seu impedimento venha a ser formalizado, pode ter maiores chances de chegar a um segundo turno que o próprio Ciro, e enfrentar no turno decisivo o candidato da direita preconceituosa e truculenta ou o candidato dos liberais conservadores. E deverá contar para tanto com a aliança formalizada com o próprio Ciro.

Enquanto não ficar demonstrado que esse candidato petista, no caso do veto final ao Lula, terá chances menores que Ciro, o PT não buscará uma aliança formal em torno do cearense. E não está errado.

Acredito que no momento que o candidato lançado pelo PT, se não for Lula, se mostrar incapaz de alcançar o segundo turno e Ciro Gomes estiver aparecendo melhor do que ele nas pesquisas, a aliança natural será em torno do inteligente e preparado político do PDT.

Calma e cabeça-fria.

As águas estão rolando e a ponte ainda está um pouco distante.

Claudio Guedes é empresário e professor

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